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Permanência de Mantega é vitória do desenvolvimentismo

Decisão deve-se à defesa do estado como indutor do crescimento e à avaliação positiva, por parte do governo, de seu trabalho à frente da Fazenda

Por Da Redação
18 nov 2010, 16h48

Com Guido Mantega no Ministério da Fazenda, deterioração do quadro fiscal deverá continuar no foco das preocupações do mercado

A decisão da presidente eleita Dilma Rousseff de preservar no cargo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, conforme reportagem da Agência Estado, guarda estreita relação com seu perfil desenvolvimentista – pelo qual é atribuído ao estado papel fundamental na indução do crescimento econômico – , em uma posição que é partilhada pela ex-ministra. Deve-se ainda à máxima de que “não se mexe em time que está ganhando”, haja vista que o desempenho de Mantega à frente da pasta é tido como positivo. A boa avaliação por parte de integrantes da base aliada adquiriu brilho adicional nas últimas semanas pela postura aguerrida do ministro contra a chamada “guerra cambial” – termo que ele cunhou e que foi reproduzido pela imprensa especializada em todo o mundo.

A permanência no cargo do atual ministro da Fazenda representa, na visão dos economistas, a garantia de uma gestão sem grandes sustos. Afinal, ele mostrou-se capaz de assegurar a continuidade de princípios básicos da estabilidade macroeconômica, como as metas de inflação e o câmbio flutuante.

Isso não significa, entretanto, que sua nova gestão será isenta de críticas – ainda porque nunca foi. Deverá continuar no foco das preocupações do mercado a deterioração do quadro fiscal. A condução das contas públicas por Mantega permitiu, nos últimos anos, um aumento dos gastos correntes em ritmo superior ao da arrecadação, representando uma guinada ao estilo de seu antecessor Antônio Palocci. Essa perda de qualidade no trato desta questão deu-se ainda às custas da perda de transparência, pois foi realizada em consonância com malabarismos contábeis que visam permitir ao governo cumprir as metas de superávit primário sem uma economia real de recursos públicos.

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Sem sombra de dúvida, Mantega deve ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que também patrocinou sua permanência no cargo junto à Dilma Rousseff – a fase mais coroada de sua carreira. Da equipe de transição de governo, foi designado em 2003 para o importante Ministério do Planejamento, onde ficou por quase dois anos. De novembro de 2004 até março de 2006, presidiu o BNDES, de onde saiu para ocupar, até os dias atuais, o Ministério da Fazenda.

Politicamente, Mantega é visto pelos economistas como um ministro nem fraco, a ponto de conseguir proteger a estabilidade das alas mais radicais dos partidos da base aliada; nem forte, já que tende a ser um seguidor fiel das determinações de seus padrinhos políticos. Tem como qualidade o fato de saber ouvir diferentes opiniões e suas convicções, não raro, moldam-se em função disso. Para a presidente eleita, parece ser a melhor opção, visto que ela nem sonha em abrir mão do controle da inflação, mas também quer fazer valer sua intenção de botar o estado para turbinar o crescimento econômico, deixando um pouco de lado os apelos dos “fiscalistas” por maior aperto das contas públicas.

Tal postura já é, em grande parte, partilhada por Mantega, que, nos bastidores, trocava farpas com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e, mais recente, com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Restará à sociedade ser vigilante para que a postura de leniência com a deterioração fiscal, a despeito dos ganhos econômicos e dividendos políticos de curto prazo, não gere problemas de árdua condução no médio e longo prazo.

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