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Lula ministro ameaça estabilidade econômica, dizem analistas

Após divulgação de áudios entre o líder petista e a presidente Dilma, aumentaram no mercado a aposta de impeachment e a descrença sobre o andamento de medidas de ajuste fiscal

Por Luís Lima 17 mar 2016, 11h59

A nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil é um ingrediente adicional de incerteza aos rumos da já combalida economia brasileira. Entre analistas ouvidos pelo site de VEJA, o consenso é de que o agravamento da instabilidade política, com a posse do ex-presidente, investigado no âmbito da Operação Lava Jato, contaminará o avanço de medidas importantes na área econômica. A retomada do crescimento e da estabilidade fiscal, portanto, virá só e se o impasse político que assola o país for superado.

Para a economista Monica de Bolle, a situação é alarmante e a única saída se daria por meio de um novo governo. “A economia não aguenta mais dois anos e meio com Dilma no poder”, defende. “Lula não conseguirá fazer absolutamente nada. Primeiramente, não estamos em 2003, quando a economia mundial estava prestes a ter um ciclo de dez anos de bonança. Desta vez, não há onda positiva externa que ajudará o país”, diz. “O país está em processo de ruptura política, devido à tentativa desesperada do PT de se manter no poder a qualquer custo. Não há costura possível nessa situação.”

A situação ficou mais grave após a divulgação de grampos da Polícia Federal, feitos com autorização do juiz Sergio Moro. Áudios indicam que Dilma agiu para evitar a prisão do ex-presidente Lula pela Lava Jato, nomeando-o ministro. Em um dos arquivos, Dilma telefona para Lula e explica que encaminhará a ele um “termo de posse”, a ser usado “em caso de necessidade”. Com a posse, o agora ministro passa a ter foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF). Desde a noite desta quarta-feira, manifestantes foram às ruas em pelo menos em 19 Estados para mostrar indignação com a nomeação de Lula. Os protestos seguem nesta quinta-feira em São Paulo e Brasília.

“A nomeação de Lula como ministro poderia ter um impacto positivo sobre a economia se ele conseguisse unir a base aliada para aprovar matérias importantes do ajuste fiscal, como o aumento de impostos. Mas tudo isso perde relevância em um contexto em que o impeachment se acelera”, avalia Juan Jensen, professor de microeconomia do Insper e sócio da 4E Consultoria.

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No mercado financeiro, por volta das 11h30, a Bovespa subia mais de 4% e o dólar recuava mais de 2%, diante da percepção de analistas dos últimos desdobramentos da Lava Jato, que aceleram a probabilidade de um impeachment de Dilma. Algumas consultorias já fazem até um “bolão” sobre a permanência do atual governo. Em relatório, a MCM Consultores prevê um prazo de 30 dias para que Michel Temer assuma a Presidência. Antes da divulgação dos áudios, a Eurasia acreditava que até maio Dilma sairia do cargo.

A volta de Lula ao governo, na avaliação do professor de Economia da PUC-SP Antonio Corrêa de Lacerda, marcaria uma volta à ênfase da política desenvolvimentista, sem, necessariamente, abrir mão do ajuste fiscal. “Desta vez, o foco deve ser um maior estímulo ao investimento do que ao crédito, como forma de retomar o processo de concessões de infraestrutura”, considera. Na melhor das hipóteses, segundo ele, Lula poderia usar seu know-how político para integrar a base aliada e dar uma sobrevida ao governo. “Mas isso só o tempo dirá”, pondera.

O temor dos investidores é que a volta de Lula implique um retorno em iniciativas que já não deram certo no passado, como aumento dos gastos públicos e uso de bancos públicos para incentivar o crédito. Ao jornal O Estado de S. Paulo a analista sênior de risco soberano da agência de classificação de risco Moody’s, Samar Maziad, disse entender que a mudança sugere um governo mais propenso a reabrir a torneira dos gastos em detrimento do esforço para o ajuste das contas. Ela lembra que a nota do Brasil tem perspectiva negativa, portanto um novo rebaixamento é possível.

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Entre os itens controversos citados por analistas estão o incentivo ao crédito por meio dos bancos estatais, aumento de gastos em programas sociais, como o Bolsa Família, e a pressão para a redução do juros pelo Banco Central em um período de inflação acumulada acima da meta. Se essas medidas forem levadas a cabo, há o temor de que o governo engavete reformas estruturais, como a da Previdência, e que são fundamentais para a retomada da estabilidade econômica.

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