Lucro da Petrobras recua no 4º tri — mas avança 11% no ano
Reajustes de combustíveis e mecanismos de proteção cambial ajudaram a impedir que o resultado trimestral da empresa mostrasse queda maior
O reajuste dos combustíveis anunciado em novembro ajudou, mas não impediu a Petrobras de amargar nova queda no lucro líquido durante o quarto trimestre de 2013. O balanço divulgado na noite desta terça-feira pela estatal apresentou lucro de 6,281 bilhões de reais entre outubro e dezembro, uma retração de 18,9% sobre o quarto trimestre de 2012. Trata-se da segunda queda trimestral consecutiva registrada pela Petrobras na comparação entre períodos equivalentes – entre terceiros trimestres, o lucro havia caído 39%.
O resultado veio acima das expectativas de analistas, que previam um lucro líquido médio de 5,41 bilhões de reais – cerca de 35% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado. No ano, o lucro da companhia avançou 11%, a 23,57 bilhões de reais. “Esse aumento é explicado pelos maiores preços de venda de combustíveis, função dos 3 reajustes do diesel e 2 da gasolina realizados ao longo do ano, pelo significativo aumento da produção de derivados em nosso parque de refino, pelos expressivos resultados de redução de custos e aumento de produtividade bem como pelos ganhos com as operações de venda de ativos”, afirmou a presidente da estatal, Graça Foster, em nota.
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Câmbio – Outro fator que impediu o resultado trimestral de despencar ainda mais foi a decisão tomada pela Petrobras de adotar a contabilidade de hedge, uma prática contábil que reduz o efeito do impacto da variação cambial sobre as dívidas denominadas em dólar. Ao proteger 70% da dívida com a ferramenta contábil, a Petrobras reduziu o impacto da forte alta do dólar no decorrer de 2013 sobre a linha financeira.
Como consequência, a estatal reportou despesa financeira líquida de 3,021 bilhões de reais entre outubro e dezembro, período no qual o dólar se valorizou 5% sobre o real. Nos três últimos meses de 2012, com o dólar praticamente estável, o resultado financeiro ficou positivo em 2,788 bilhões de reais. Não fosse a aplicação da contabilidade de hedge, o saldo negativo da linha financeira seria maior.
Reajustes – O resultado operacional, por outro lado, foi beneficiado, entre outros fatores, pelo reajuste de 4% na gasolina e de 8% no diesel anunciados em novembro. O aumento reduziu o prejuízo apurado pela Petrobras nas operações de importação e posterior revenda de combustíveis e impulsionou o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) ajustado da estatal. O indicador, que melhor dimensiona a capacidade de geração de caixa de uma empresa, totalizou 15,553 bilhões de reais entre outubro e dezembro, expansão de 30,2% sobre o quarto trimestre de 2012.
O mesmo reajuste de combustíveis, aliado ao impacto do dólar mais valorizado sobre as exportações, impulsionou a receita líquida da Petrobras em 10,4% na comparação com o quarto trimestre de 2012, para 81,028 bilhões de reais. Este é o maior resultado trimestral já alcançado pela estatal, superando a marca de 77,700 bilhões de reais do terceiro trimestre de 2013. No ano, a receita líquida avançou 8% a 304,9 bilhões de reais.
Investimentos – A Petrobras informou ainda que prevê investir 220,6 bilhões de dólares no período de 2014 a 2018, em busca de uma produção média de petróleo de 4 milhões de barris diários entre 2020 e 2030. O valor ficou abaixo do teto previsto no plano de negócios anterior (2013-2017), de investimentos de 236,7 bilhões de dólares.
(Com Estadão Conteúdo)