Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Livro editado por índios brasileiros evitará a extinção de seu idioma

Por Da Redação
10 dez 2011, 13h17

Aday López.

Marabá (Brasil), 10 dez (EFE).- Sob a ameaça de perder sua cultura e suas raízes, uma aldeia indígena brasileira realiza o lançamento de um livro e um vídeo que imortalizam seus hábitos e criam uma gramática de sua língua para salvá-la da extinção.

O idealizador do projeto foi o cacique Krohokrenhum, líder dos Parkatejê, uma remota comunidade formada por cerca de 400 pessoas em um terreno de 62 mil hectares no coração do estado do Pará.

‘Graças a Deus, os jovens já podem aprender palavras da língua e as canções indígenas’, relatou o cacique a jornalistas. Ele é chamado carinhosamente de ‘Capitão’ por seu povo, e apesar de seus 80 anos continua comandando a comitiva que sai em caçadas para conseguir o sustento da tribo.

O livro de 196 páginas tem capítulos dedicados aos sábios conselhos de Krohokrenhum e às histórias de luta, adversidades e conquistas do seu povo, que festeja com alvoroço e emoção a finalização da obra, elaborada durante meses.

A árdua tarefa de coordenar o trabalho linguístico do Jê Timbira, o idioma autóctone, foi responsabilidade de Leopoldina Araújo, que chegou pela primeira vez na aldeia há 37 anos com o desejo de estudar a língua indígena, à qual dedicou seus estudos de pós-graduação.

Continua após a publicidade

‘O livro está dedicado às futuras gerações’, disse Leopoldina à agência Efe, antes de detalhar as dificuldades pelas quais o projeto passou e alertar sobre as ‘agressões’ sofridas pelos idiomas autóctones como o dos Parkatejê.

Leopoldina afirmou que o trabalho linguístico, repartido entre os aldeães, colaboradores e associações que defendem a causa indígena, foi guiado pela preocupação de que a gramática fosse a mais fiel possível à fonética do Jê Timbira.

Além de preservar um idioma que enfrentava o risco de extinção, a importância da obra é que seus autores foram jovens da comunidade, capacitados por profissionais em métodos como o recolhimento de informação e a transcrição.

O livro ganhou ainda fotografias históricas nas quais se aprecia as singularidades da comunidade e ilustrações desenhadas pelos aldeães, coordenados durante meio ano por Guilherme Noronha.

‘O resultado foi um trabalho que saiu dos indígenas. Eu me limitava a propor e eles decidiam’, declarou Noronha enquanto as aldeãs preparavam com zelo o menu do jantar, composto por macaco e caititu, despedaçados a machadadas.

Continua após a publicidade

‘Tudo isto é um sonho. Crescemos muito no conhecimento e agora inclusive estamos preparados para fazer um livro’, destacou emocionada Fátima Krohokrenhum, filha do cacique, maquiada da mesma forma que o restante da aldeia, com uma chamativa pintura vermelha salpicada por desenhos de cor negra que decoravam seu corpo.

A gravação de um vídeo em DVD, que foi filmado por um grupo de seis indígenas, era uma obsessão e outro dos desejos do ‘Capitão’ para que seu povo não perdesse sua história.

‘Este trabalho pode se transformar em um incentivo para que os jovens continuem trabalhando no futuro. É um legado para a comunidade’, manifestou o coordenador da equipe, Vicent Carelli, a jornalistas convidados pela empresa mineradora Vale.

Carelli, um parisiense estabelecido no Brasil que entrou em contato com a aldeia há décadas, afirmou que o processo de formar os aldeães para que desempenhem com sucesso sua função levou tempo e acrescentou que este trabalho evidenciou o temor que existia entre os aldeães de perder seus costumes.

O lançamento destes projetos foi realizado na sexta-feira com uma festa que contou com a presença de comunidades indígenas vizinhas e na qual o capitão Krohokrenhum foi recebido com honras por seu povo, que mostrou uma grande veneração por seu líder, entoando cânticos ancestrais. EFE

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.