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Lava Jato teve impacto no recuo do PIB, avaliam economistas

Desdobramentos da operação derrubaram o indicador de investimentos no país, que caiu pela sétima vez seguida

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 Maio 2015, 16h27

Com as incertezas em relação à retomada do crescimento econômico, os investimentos caíram 1,3% no primeiro trimestre deste ano em relação aos três últimos meses 2014. Trata-se da sétima queda consecutiva do indicador que integra o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em comparação com igual período do ano passado, a queda foi ainda mais acentuada, de 7,8%.

O principal responsável por esse resultado negativo é o sentimento de desconfiança do empresariado, que quer a garantia de que seus negócios terão retorno. Parte dessa insegurança é reflexo dos desdobramentos da Operação Lava Jato, que, ao investigar um esquema de corrupção bilionário na Petrobras, ajudou a paralisar as maiores empreiteiras do Brasil. Cerca de 5% do PIB corresponde aos negócios da petroleira e das companhias alvos da Lava Jato, o que é “bastante significativo”, diz a economista da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro.

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“Os investimentos da Petrobras representam cerca de 1% a 2% do PIB e de 8% a 9% da Formação Bruta de Capital Fixo. E aí você calcula: a Petrobras declinou os seus aportes em 40%, sendo que representa 9% de todos os investimentos. Só isso já explica grande parte da redução. Ainda tem os grandes grupos nacionais que reduziram os seus aportes por força dos eventos da Lava Jato”, avaliou o economista e sócio da GO Associados, Gesner de Oliveira.

Além disso, os analistas também chamaram a atenção para a ameaça de falta de água e apagão que rondou a economia no início do ano, o que também impactou o nível de confiança dos executivos. “Foi um período crítico. Tudo isso exacerbou as expectativas pessimistas e, consequentemente, refletiu nos investimentos”, afirmou Oliveira.

PIB em queda livre
PIB em queda livre (VEJA)
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Para os economistas, o recuo de 0,2% do PIB no primeiro trimestre deste ano deixou claro algumas tendências que vinham se desenhando desde o ano passado. A principal delas é que o modelo de desenvolvimento econômico baseado no consumo se esgotou: a despesa das famílias registrou a primeira queda em doze anos e o setor de serviços apresentou o pior desempenho da série histórica iniciada em 1996.

Outro ponto que teve bastante peso foi a crise generalizada da indústria. Com os estoques cheios e a demanda cada vez mais escassa, o PIB industrial registrou queda de 7% no primeiro trimestre deste ano ante o mesmo período de 2014. Para os especialistas, é “natural” que os empresários segurem o investimento nessa área, que tem apresentado sucessivos resultados negativos. “O investimento está apanhando muito por causa dessa crise. É difícil imaginar uma melhora para os próximos meses”, disse Alessandra.

Tendo em vista que o consumo só tende a piorar em um ano de ajuste fiscal, de inflação e juros elevados, os investimentos surgem como uma das únicas alternativas para por a economia brasileira de volta nos trilhos. Não é à toa que o governo federal celebrou o anúncio da vinda de investimentos da China neste mês. “É preciso criar um ambiente propício aos negócios, estimulando o pacote de concessões para [obras de] infraestrutura, desburocratizando as parcerias público-privadas e criando regras estáveis. Para isso, é preciso começar a plantar as sementes agora para colhermos no ano que vem”, afirmou Oliveira.

PIB primeiro trimestre 2015
PIB primeiro trimestre 2015 (VEJA)
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