Itália entra na linha de fogo do mercado por dívida
Ministro italiano de Economia, Giulio Tremonti, convoca reunião do Comitê de Estabilidade Financeira
A pressão dos mercados financeiros sobre a Itália se intensificava nesta terça-feira, deixando a segunda nação mais endividada da zona do euro em área de perigo e fazendo as autoridades italianas convocarem reuniões de emergência. Os rendimentos dos bônus italianos atingiram o maior nível dos 11 anos de história do euro, equiparando-se aos juros espanhóis e sinalizando que Roma está ultrapassando Madri como o principal foco da preocupação do investidor sobre a sustentabilidade da dívida pública.
O mercado de ações da Itália caiu ao menor patamar em mais de 27 meses (queda de -1,32% nesta terça-feira), pressionado pelos bancos com alta exposição à dívida do país. O índice das principais ações da Europa (Eurostoxx 50) atingiu a mínima em 9 meses, com temores sobre crescimento econômico.
O ministro italiano de Economia, Giulio Tremonti, convocou uma reunião do Comitê de Estabilidade Financeira — composto por representantes do governo, do Banco da Itália, do órgão regulador de mercado Consob e da autoridade de seguros ISVAP –, um dia antes de o primeiro-ministro Silvio Berlusconi quebrar o silêncio e falar ao Parlamento.
O premiê da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, que antecipou as eleições para 20 de novembro, adiou suas férias depois que o prêmio de risco do país ultrapassou 4 pontos percentuais sobre os bônus alemães, também a máxima da história do euro.
Organizações internacionais ofereceram apoio verbal a Itália e Espanha em meio às turbulências recentes. A Comissão Europeia disse que tanto Roma quanto Madri estão tomando as medidas necessárias para manter suas economias caminhando.
Instalibilidade política – A Itália está na linha de fogo em parte porque, em 120% do Produto Interno Bruto (PIB), o país tem a maior taxa de endividamento da zona do euro depois da Grécia, cuja dívida beira 160% do PIB.
Mas a instabilidade política na coalizão de centro-direita de Roma também gera preocupação no mercado. Berlusconi está sendo julgado por evasão de impostos e por possíveis relações sexuais com uma menor de idade, e o ministro Tremonti enfrenta críticas por ter usado o apartamento de um assessor investigado por corrupção.
(Com Reuters)