Investimento deve continuar em queda em 2015, diz FGV
Segundo a entidade, ajuste nas contas públicas, crise das construtoras e rebaixamento da nota de crédito da Petrobras serão os principais obstáculos
Depois de atingir a menor taxa dos últimos cinco anos em 2014, os investimentos deverão continuar em queda este ano. É o que preveem os pesquisadores José Roberto Afonso e Bernardo Fajardo, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). “A perspectiva é negativa e a situação, bastante complicada”, resumiu Fajardo. O ajuste nas contas públicas, a crise das construtoras e o rebaixamento da nota de crédito da Petrobras serão os principais obstáculos.
O trabalho decompõe os investimentos nos últimos 20 anos entre setor privado, setor público e empresas estatais. O objetivo foi compreender como cada grupo atuou na formação bruta de capital fixo no país e, assim, traçar uma perspectiva para o futuro e uma estratégia de recuperação.
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Eles constataram que o setor privado, responsável pela maior fatia dos investimentos, atua conforme os ciclos de alta e baixa da economia. De forma que, no atual quadro, tende a reduzir seus gastos em expansão da capacidade de produção. O setor ainda enfrenta no momento um grande gargalo, que é a redução e encarecimento do crédito.
Os números mostram que quem remou contra a maré da baixa na economia nos últimos anos, buscando aumentar investimentos em momentos de crise, foram as empresas estatais e o próprio governo, notadamente os de Estados e municípios. Porém, há problemas nesses dois motores. No caso das estatais, pelas dificuldades enfrentadas pela principal delas, a Petrobras, devido à Operação Lava Jato. No setor público, há complicações impostas pelo ajuste fiscal.
Estatais – Comparando o quadro de 2014 com o de 20 anos atrás, os pesquisadores constataram que a taxa de investimento caiu no período, de 20,75% do Produto Interno Bruto (PIB) para 16,81% do PIB. O único grupo que apresentou aumento nos investimentos foram as empresas estatais, que passaram de 0,76% do PIB para 1,86% do PIB.
Esse movimento foi liderado pela Petrobras, que se converteu numa alternativa do governo para estimular os investimentos, principalmente após a crise de 2008/2009. Em 1994, ela representava 57,8% do total das estatais, passando para 89,1% em 2014.
Mas a estratégia de puxar os investimentos pela estatal do petróleo começou a falhar já em 2014. “A Lava Jato contribuiu, mas o principal é a perda de credibilidade da Petrobras por questões gerenciais e o corte do rating”, avaliou Fajardo. O rebaixamento da nota de avaliação de crédito vai encarecer as captações de recursos da empresa e puxar para baixo seus investimentos este ano”, disse.
(Com Estadão Conteúdo)