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Intelectual francês vira chefão do varejo brasileiro

O presidente do Casino, Jean-Charles Naouri, está no auge de uma estratégia para criar uma gigante do setor em mercados emergentes

Por Da Redação
21 jun 2012, 12h45

Um intelectual francês que chegou ao varejo relativamente tarde deve se tornar o novo chefão do setor no Brasil – um dos maiores mercados e de mais rápido crescimento no mundo. Nesta sexta-feira, Jean-Charles Naouri, presidente do grupo francês Casino, assumirá o controle da maior rede de varejo do Brasil, o grupo Pão de Açúcar, no auge de uma estratégia para criar uma gigante do setor em mercados emergentes.

Para o executivo de 63 anos, a chegada ao comando do Pão de Açúcar virá com um gosto de revanche sobre o sócio Abílio Diniz – o atual presidente do conselho da varejista brasileira que no ano passado tentou romper um acordo com o Casino ao propor uma fusão da companhia com o arquirrival do grupo francês, o Carrefour.

A vitória de Naouri na ferrenha disputa que se seguiu é emblemática sobre a forma como construiu um império de varejo que fatura 34 bilhões de euros por ano e que se espalha por dez países. O executivo assumiu participações minoritárias em companhias com problemas e então passou a aumentar a influência do Casino quando a recuperação estava garantida. “Ele não inicia disputas. Elas surgem porque os empresários não aceitam vender suas companhias quando chega a hora”, disse o estrategista de negócios Alain Minc, que assessora Naouri.

Em 22 de junho, Naouri, nascido na Argélia, vai se tornar presidente do conselho da holding controladora do Pão de Açúcar conforme descrito em um acordo acertado em 2005 com Diniz. Apesar de o empresário brasileiro reter o título de presidente do conselho, seu peso na tomada de decisões será bastante reduzido.

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O Casino investiu pela primeira vez no Pão de Açúcar em 1999, quando resgatou o grupo num momento de dificuldade. Atualmente o Brasil é o segundo maior mercado para o Casino no mundo depois da França e é um pilar importante da expansão da empresa nos mercados emergentes em um momento de fraqueza na Europa. Depois que o Casino assumir o controle, o Brasil vai representar 44% das vendas estimadas do grupo, de quase 54 bilhões de euros, e 53% do lucro operacional estimado em 2,6 bilhões de euros para 2013, segundo analistas da Oddo Securities.

Origem – Filho de um médico e de uma professora de inglês, Naouri graduou-se na Ecole Normale Superieure e na Ecole Normale d’Administration (ENA), berços das elites política e de negócios da França. Iniciou sua carreira em ministérios do governo francês, incluindo o de Finanças, onde ele foi chefe de equipe do ministro socialista Pierre Beregovoy, na década de 1980, antes de ir para o setor privado e ingressar no Banque Rothschild em 1987. “Ele é quatro vezes mais rápido que as pessoas mais espertas que eu conheço”, disse Serge Weinberg, diretor da Weinberg Capital Partners e seu amigo desde os anos na ENA.

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Pessoas próximas de Naouri o descrevem como um perfeccionista e como um homem complexo e reservado, que não se mistura muito nos círculos de negócios da elite francesa. “Ele é muito intenso, um erudita que é interessado em questões fundamentais”, acrescentou Weinberg. Um fã de ópera, grego e latim, Naouri montou seu próprio fundo Euris em 1987.

Ele migrou para o varejo por meio do Rallye, um grupo de investimento que hoje controla 49,9% do capital do Casino. Em poucos anos Nouri enfrentou sua primeira batalha, ajudando o Casino a se defender em 1997 de uma oferta do grupo francês Promodes, que mais tarde foi adquirido pelo Carrefour.

Desde que se tornou presidente-executivo do Casino em 2005, Naouri é considerado como responsável pela recuperação do grupo, eliminando operações deficitárias e abrindo unidades em mercados de rápido crescimento como Brasil, Vietnã, Colômbia e Tailândia. Naouri é descrito como um chefe exigente que pode ser duro com a equipe. “Se ele recebe uma resposta vaga, você pode perder o emprego muito rapidamente”, disse um ex-funcionário do Casino pedindo para não ser identificado.

O executivo é pai de três filhos, o mais velho, Gabriel, 30, dirige os hipermercados do grupo na região de Paris. Com as relações azedadas entre Naouri e Diniz, os grupos têm discutido alternativas ao acordo de acionistas que possam permitir que sigam caminhos diferentes. Mas um acordo tem sido difícil. No mês passado, Naouri acertou os ponteiros com os que julga o terem traído. Ele afastou tanto Diniz quanto Philippe Houze, presidente da varejista Galeries Lafayette, do conselho do Casino.

(com Reuters)

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