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Fundos de investimentos já ganham mais dinheiro no Brasil do que nos EUA

Infraestrutura é o novo alvo dos private equity no país

Por Da Redação
27 jan 2014, 11h34

A indústria de private equity no Brasil ainda é nova, mas muitos fundos brasileiros já conseguiram ganhar muito dinheiro nas últimas décadas, inclusive mais do que os tradicionais americanos. Uma pesquisa inédita feita pelo Insper, em parceria com a gestora Spectra, identificou que os fundos que investiram seus recursos no mercado brasileiro entre 1990 e 2008 tiveram uma taxa de retorno do investimento de 17,1% ao ano, enquanto nos Estados Unidos os fundos ganharam 8,3% no período.

O levantamento considerou 78 gestoras e levou em conta a rentabilidade de 46 fundos. Embora não abranja todo o mercado – a estimativa é de que já existam em torno de 200 empresas trabalhando com isso no Brasil -, o dado é relevante já que tudo que envolve a indústria de private equity é cercado de sigilo. As estatísticas sobre esse segmento são escassas no Brasil. Ao contrário do mercado americano, que lida com o universo dos private equities desde a década de 70 e já conta com um robusto banco de dados, com mais de 700 gestoras.

Segundo a professora Andréa Minardi, do Insper e responsável pela pesquisa, o que surpreende é que o Brasil já apresente resultados tão bons em tão pouco tempo. “Ao mesmo tempo é natural que esses fundos busquem mais retorno onde o risco é maior, como nos países emergentes.”

O bom momento da economia, pós-Plano Real, foi um dos motivos que tornaram a indústria brasileira atrativa. Com a economia estável, as empresas brasileiras passaram a considerar o investimento privado como opção de financiar seu crescimento, já que o custo do capital no país continuou sendo proibitivo. Os fundos encontraram aqui um ambiente ideal: empresários sedentos por dinheiro e empresas pouco profissionalizadas, com muito espaço para cortar custos e melhorar a gestão – ferramentas usadas pelos profissionais de private equity para elevar o valor das companhias e obter lucro.

Além do controle inflacionário, a renda da população cresceu e as oportunidades atraíram a atenção dessa indústria. Porém, Aloísio Macário, um dos coordenadores do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, alerta que os fundos nem sempre fazem bem para as empresas investidas. “Quando eles chegam é um vendaval.”

Atratividade – Embora no universo total a presença dos fundos de private equity no capital das empresas ainda seja irrelevante, as gestoras têm, aos poucos, se transformado em protagonistas dos principais negócios no país. No ano passado, os fundos participaram de 47% das 789 fusões e aquisições registradas no Brasil, segundo levantamento da PwC. Competidores de peso como o próprio Carlyle e o gigante KKR entraram no país para competir com nomes já conhecidos – GP Investimentos, Gávea e Pátria.

Agora, com o Produto Interno Bruto (PIB) mais fraco, a dúvida dos fundos é se será possível repetir a rentabilidade das últimas décadas daqui para frente. Na conversa com alguns dos principais gestores do País, duas palavras têm sido repetidas à exaustão: “cautela”, quando se referem à estratégia de compra e venda das empresas, e “resiliência”, para definir o que eles vão levar em conta daqui para frente ao procurar um alvo. Setores como educação, saúde e de infraestrutura estão entre as prioridades.

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Para alguns, o Brasil está em um momento de transição e que a euforia ficou para trás.Na opinião de Patrick Ledoux, que comanda a operação brasileira da gestora inglesa Actis, está mais difícil captar dinheiro entre estrangeiros para novos fundos e para quem já tem dinheiro em caixa, é um bom momento de fazer aquisições, já que a tendência é que os preços fiquem mais baixos. Por outro lado, vale lembrar que o mercado de capitais não está em seu melhor momento.

Infraestrutura

O setor de infraestrutura já é um dos alvos preferenciais da indústria de private equity no Brasil, formada por empresas que investem em participação de outras companhias com potencial de crescimento. Um cálculo da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios revela que o investimento privado em transportes pode movimentar 167,7 bilhões de reais nos próximos cinco anos. Nessa conta, estão incluídas obras em portos, rodovias, ferrovias, hidrovias e transporte urbano.

A melhora da infraestrutura foi colocada pelo governo no centro da agenda econômica brasileira em busca de um maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). “Há muito para ser feito no Brasil. E o governo tem sinalizado que o setor de infraestrutura é prioridade”, diz Luiz Medeiros, diretor de private equity da Rio Bravo Investimentos, que tem 700 milhões de reais sob ativo na gestão de private equity em fundos destinados ao Nordeste e ao setor de infraestrutura.

A Mantiq Investimentos, controlada pelo Santander Brasil, já tem como foco principal a infraestrutura. Até setembro do ano passado, a empresa tinha 2,4 bilhões de reais sob gestão – 2 bilhões de reais já realizados e 400 milhões ainda a realizar – em quatro fundos.

No fim do ano passado, a gestora de recursos Pátria Investimentos também decidiu ampliar o raio de atuação no segmento de infraestrutura e seu foco hoje são negócios ligados ao setor privado. A tendência é que o leque seja ampliado e que a gestora faça também aportes pontuais em setores regulados pelo governo. Parte dos recursos de seu fundo P2 Brasil, que ao todo captou 1,2 bilhão de dólares em 2011, já foi investida em logística para o agronegócio e de cargas, na construção e operação naval no setor de óleo e gás em alto mar, em energia renovável, em saneamento e em transmissão na área de telecomunicações.

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(com Estadão Conteúdo)

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