Inflação acelerada levou Copom a subir os juros
Segundo ata da última reunião do colegiado, estimativa para inflação aumentou para 6,45% e é responsabilidade do Comitê "manter-se especialmente vigilante"
A aceleração da inflação nas últimas semanas levou o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, a elevar a taxa Selic de 11% para 11,25% ao ano em sua última reunião, na semana passada. Segundo a ata do encontro, divulgada nesta quinta-feira, desde a reunião anterior, de setembro, a mediana das projeções coletadas pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin) para a variação do IPCA (índice oficial de inflação) subiu de 6,27% para 6,45% em 2014 e de 6,29% para 6,30% em 2015.
“Embora reconheça que outras ações de política macroeconômica podem influenciar a trajetória dos preços, o Copom reafirma sua visão de que cabe especificamente à política monetária manter-se especialmente vigilante, para garantir que pressões (inflacionárias) detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos”, consta na ata.
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A meta do governo para o IPCA é de 4,5%, com banda variando de 2,5% a 6,5%. Em setembro, o indicador de preços ao consumidor acelerou 0,57%, depois de ficar em 0,25% em agosto. Em 12 meses, porém, ultrapassou o teto da meta ao subir 6,75%, acima dos 6,51% registrados no mesmo período até agosto e a maior variação nessa base de comparação desde outubro de 2011.
Entre os itens que compõem a inflação, o Copom destacou os preços administrados, que são aquelas passíveis de controle, como energia elétrica, gás e transporte público. A projeção para esses preços também subiu entre setembro e outubro, ao passar de 5% para 5,3%. Segundo a ata da reunião, a estimativa considera variações nos preços da gasolina (0,1%) e do gás de bujão (2,8%), bem como hipóteses de redução de 6,4% nas tarifas de telefonia fixa e de aumento de 17,6% nos preços da energia elétrica. Para 2015 e 2016 são esperadas variações de 6,0% e 4,9%, mesmo valores do encontro anterior.
“Taxas de inflação elevadas geram distorções que levam a aumentos dos riscos e deprimem os investimentos”, disse o Comitê. Essas distorções, continuou, acabam encurtando o horizonte de planejamento das famílias, empresas e governos, e deteriora a confiança de empresários. Além disso, inflação elevada subtrai o poder de compra da população, com repercussões negativas sobre a confiança e o consumo das famílias. “Por conseguinte, taxas de inflação elevadas reduzem o potencial de crescimento da economia, bem como de geração de empregos e de renda”, completou.
Votaram pela elevação da taxa Selic para 11,25% a.a. os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo e Sidnei Corrêa Marques. Votaram pela manutenção da taxa Selic em 11,00% a.a. os seguintes membros do Comitê: Altamir Lopes, Luiz Awazu Pereira da Silva e Luiz Edson Feltrim.