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Para analistas, indústria só vai se recuperar em 2012

Apesar do resultado de janeiro, setor deverá crescer abaixo do PIB neste ano

Por Ana Clara Costa
2 mar 2011, 10h15

A produção industrial nacional registrou aceleração inesperada em janeiro (de 0,2% na comparação com dezembro), mas o dado não é suficiente para assegurar comunicar ao mercado que a indústria brasileira não entrenta um processo de desaquecimento. Apesar da força contínua do mercado interno, no acumulado dos últimos 12 meses, o desempenho industrial tem oscilado para baixo – chegando a 9,4% em janeiro, contra 10,4% em dezembro, ou 11,7% em novembro de 2010. “Com a trajetória que temos visto nos últimos meses, o mercado precisará de alguma outra informação (além da alta de hoje) para dizer que a indústria voltou a crescer”, afirma Flávio Castelo Branco, gerente de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Desde abril do ano passado, o indicador oscila entre estagnação e queda, tendo um respiro apenas nos meses de julho e outubro. Mais que isso, por maior que tenha sido o crescimento da indústria em 2010, ainda não se pode dizer que o nível pré-crise de produção foi recuperado. “Nós estamos há dois anos e meio abaixo do nível máximo de produção verificado em 2008”, afirma Castelo Branco, da CNI.

Apesar de o dado de janeiro ser positivo, economistas preveem que o setor só conseguirá retomar a trajetória de alta – acima do Produto Interno Bruto (PIB) – em 2012. Segundo a LCA Consultores, o crescimento da indústria este ano deverá ficar em 3%. Já a Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP) prevê alta de 4,1% na produção industrial. As estimativas para o PIB são de 3,6% e 5,1%, respectivamente.

Queda à vista – A desaceleração, apesar de não ser o cenário ideal, não só é prevista, como também necessária. A pressão inflacionária, que desde o segundo semestre de 2010 vem tirando o sono do governo, exigiu a elaboração de uma espécie de artilharia por parte do Ministério da Fazenda e do Banco Central. Como parte do armamento, foi decretada a volta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a indústria automotiva – o tributo havia sofrido redução durante e após a crise financeira de 2008.

Outra medida foi o aumento do compulsório pago pelos bancos ao Banco Central, ato que impactou diretamente o mercado de crédito. Além disso, há o avanço da taxa básica de juros (Selic) para 11,25%, ocorrido em janeiro. Sem contar as expectativas de que na nova reunião do Copom, nesta quarta-feira, resulte em um aumento de mais 0,5 ponto porcentual nos juros. “Nos próximos meses, a indústria sentirá os efeitos das medidas de maneira mais forte. Sobretudo a partir do segundo semestre”, afirma o economista Thovan Tukacov, da LCA Consultores.

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Há de se considerar, ainda, que a força do real perante o dólar fez com que as importações de bens manufaturados evoluíssem de maneira expressiva – o que afetou de forma importante a competitividade da indústria nacional ao longo de 2010.

Perspectivas – A desaceleração, apesar de negativa em muitos aspectos – já que pode comprometer o emprego industrial e a competitividade dos produtos nacionais -, tem ocorrido de maneira lenta, bem diferente da aceleração notada em 2009. Quando, em um dos piores momentos da crise, o governo brasileiro decidiu aplicar medidas anticíclicas para acelerar a economia, os efeitos foram praticamente instantâneos e resultaram num crescimento até mesmo acima do esperado. “Como a indústria cresceu rapidamente, a capacidade ociosa praticamente acabou. Então, a desaceleração que vem ocorrendo não deverá ter um impacto vital no nível de utilização da capacidade”, afirma o economista Carlos Eduardo Soares Gonçalves, da FEA-USP. “O cenário não é alarmista”, afirma.

Ao longo da semana, também foi divulgada a pesquisa PMI Produção Industrial HSBC – Brasil, feita em 12 países pela consultoria Markit e patrocinada pelo banco HSBC. O dado, baseado em pesquisas com cerca de 400 empresas presentes no Brasil, mostrou também uma evolução. O índice atingiu, em fevereiro, a máxima de 54,6 pontos, contra 53,1 registrados em janeiro. O indicador é feito com base em respostas das empresas quanto à produção, novos pedidos, emprego, estoque, entre outros fatores.

Segundo o economista-sênior do banco, Constantin Jancso, o índice não pode ser comparado com a pesquisa do IBGE, mas serve de incentivo para que o mercado enxergue outros fatores relevantes na indústria. “Sabemos que o setor industrial está sofrendo os efeitos das medidas macroprudenciais. Mas esse indicador nos ajuda a verificar que essas mesmas medidas podem não ser suficientes para livrar o país da inflação, por exemplo”, afirma.

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