Indústria perde competitividade com o custo do gás no Brasil
Estudo da Firjan estima em 4,9 bilhões de dólares por ano o gasto adicional para a indústria brasileira, em comparação com as condições no mercado dos Estados Unidos
Um estudo divulgado nesta segunda-feira pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) compara o gasto médio do gás na indústria brasileira e nos Estados Unidos, como forma de mensurar a defasagem de competitividade do Brasil. O cálculo do custo médio nos dois países revela um gasto adicional de 4,9 bilhões de dólares por ano com o gás para a indústria nacional, o que põe desde micro até grandes empresários em situação desfavorável na comparação com o mercado norte-americano.
Para chegar a esse cálculo, a gerência de competitividade industrial e investimentos e a diretoria de desenvolvimento econômico e associativo da Firjan levaram em conta a tarifa média do gás para a indústria no Brasil (US$ 17,14/MMbtu – milhões de BTUs, a unidade térmica usada como convenção para consumo de gás) e a dos EUA (US$ 4,45/MMbtu). O estudo destaca que a redução do custo se deu principalmente em razão da exploração recente do gás de xisto, o ‘shale gas’, que ampliou a oferta no mercado interno americano e pressionou para baixo o custo do produto.
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O estudo “O preço do gás natural para a indústria no Brasil e nos Estados Unidos – Comparativo de Competitividade” considera também o consumo brasileiro anual, que é de 10,4 bilhões de metros cúbicos. Com a tarifa praticada para a indústria nacional, o gasto atinge 6,6 bilhões de dólares. Se a tarifa fosse a dos Estados Unidos, o total pago pelas empresas seria de apenas 1,7 bilhão de dólares.Para ilustrar o tamanho da perda, a Firjan traça cenários hipotéticos, para diferentes tamanhos de empresas. Para uma microempresa – uma padaria com até sete empregados, por exemplo – com consumo de 1.500 m³/mês, o gasto adicional, em relação a uma similar americana, é de 29.700 reais no período de um ano. Já para uma empresa de grande porte – uma indústria química com 600 empregados e consumo próximo de 2,7 milhões de m3 por mês, o peso adicional no gasto anual de gás atinge 29,8 milhões de reais.
Infraestrutura e tributos – De acordo com a análise da Firjan, a redução do custo da molécula (ou seja, do produto nas refinarias) não seria suficiente para tornar a indústria mais competitiva. Além do investimento em produção e na expansão das fontes de gás natural, o país depende também de aprimoramentos em transporte e de um ajuste tributário. A Firjan vai debater, na próxima quinta-feira (23), os impactos do gás de xisto na indústria americana e a relação da queda do custo do gás nos Estados Unidos com a competitividade global.
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