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Incorporadoras apelam para o poder dos drones para vender imóveis

Com os estoques elevados, setor imobiliário padece tal como o automobilístico e aposta em campanhas publicitária e inovação para atrair os poucos brasileiros dispostos a fazer negócio

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 jul 2015, 08h03

O nível de atividade da construção civil costuma estar diretamente ligado ao da economia como um todo. Se um avança, o outro segue o ritmo. A profunda crise que o Brasil vivencia em 2015, com o crédito escasso, o desemprego ascendente e os juros altos, não anima os brasileiros a comprar – menos ainda bens de alto valor. Para tentar provocar alguma reação no mercado, as incorporadoras e imobiliárias têm apelado para a tecnologia, como o uso de drones, propagandas na TV em horário nobre e brindes nada singelos, como pacotes de viagem no Brasil e no exterior.

Uma das maiores imobiliárias do país, a Lopes passou desde junho a oferecer presentes para quem compra determinados imóveis na região metropolitana de São Paulo. Os brindes incluem desde vale de compras em supermercados e redes de eletrodoméstico a pacotes de viagem. “Chamamos isso de acelerador de decisão, para o cliente que precisa decidir logo. E, se ao fazer a dívida, ele tem de abdicar de viagem de férias com a família, por exemplo, nós oferecemos a viagem. Não deixa de ser uma forma de desconto”, disse Mirella Parpinelli, diretora de atendimento da Lopes. No primeiro trimestre deste ano, a Lopes teve um prejuízo de 13,69 milhões de reais ante um lucro líquido de 6,2 milhões de reais no mesmo período de 2014. Com a crise, a empresa passa por um momento de reestruturação, que envolve corte de funcionários e fechamento de lojas.

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Outras empresas preferem investir na apresentação do produto. É o caso da Homehunters, uma das maiores imobiliárias de Campinas (SP), que trocou os portfólios impressos por superproduções visuais feitas com imagens captadas por drones. Os aparelhos filmam não só os imóveis, mas também o bairro, para que o cliente não precise ir ao local para sentir o clima da vizinhança. O investimento na nova ferramenta para atrair clientes custou 300 mil reais, além da contratação de uma equipe especializada em vídeo. “Há vantagens para o cliente e para a imobiliária, pois filtra o público e torna desnecessário o alto fluxo de visitação em cada imóvel. Para o comprador é bom porque uma produção desse porte fala muito mais alto do que vinte fotos, além do grande potencial de compartilhamento nas redes sociais”, diz Mauro Vanti Macedo, sócio da empresa.

Outra gigante do segmento, a incorporadora Esser, decidiu investir pesado em campanhas publicitárias, que envolvem a veiculação de comerciais até mesmo no horário nobre da TV. O valor inicial da primeira fase da campanha foi orçado em 5 milhões de reais. Para a empresa, é preferível gastar para fortalecer a imagem em tempos de crise do que gastar com campanhas de “liquidação de estoque”.

Apesar da tentativa de inovar de algumas empresas, os tradicionais feirões não perderam espaço. Continuam sendo a principal ferramenta de vendas em períodos de crise e, dependendo da negociação, garantem descontos relevantes, de até 30%.”As empresas, inclusive, estão fazendo financiamento direto com os compradores cobrando juros menores do que os praticados no mercado”, afirma Bruno Vivanco, vice-presidente comercial da Abyara Brasil Brokers. No primeiro trimestre de 2015, a incorporadora registrou um prejuízo líquido de 7,7 milhões de reais, ante lucro líquido de 1,07 milhão de reais no mesmo período do ano passado.

O índice FipeZap, que acompanha os preços dos imóveis nas 20 maiores cidades brasileiras, aponta que o valor do metro quadrado vem subindo abaixo da inflação há oito meses consecutivos. No acumulado de doze meses até junho, o preço médio do metro quadrado teve queda real de 4,45%, quando se leva em conta a inflação do período. “E tudo indica que a crise está longe de terminar”, diz o coordenador da pesquisa, Eduardo Zylberstajn. “O que ajudou o mercado imobiliário nos últimos anos – emprego, renda e crédito -, hoje, atua na mão contrária. Vamos conviver ainda por um tempo considerável de queda, pelo menos em termos reais”, diz.

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Vivanco, da Abyara, afirma que, com a crise, a figura do investidor que comprava imóveis na planta para depois vender ou alugar, praticamente “sumiu”. Ele também avalia que a maior preocupação do setor hoje são os distratos, que ocorrem quando um cliente desiste de um negócio depois de ter assinado o contrato com a incorporadora, mas antes de fechar o financiamento com o banco. “Isso acaba retroalimentando o estoque das empresas”. Segundo ele, os estoques das imobiliárias e incorporadoras estão como os pátios de montadoras: abarrotados.

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