Incertezas sobre eleições paralisam a economia, avalia FGV
Levantamento do economista Paulo Piccheti mostra que a disputa eleitoral acirrada reforça dúvidas sobre futuro econômico do país e ajuda a explicar cautela de empresários
A acirrada disputa presidencial, principalmente entre as candidatas Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB), reforça o clima de incertezas em relação ao futuro econômico do Brasil. A avaliação, feita pelo economista Paulo Picchetti, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) à Agência Brasil ajuda a explicar os desempenhos ruins do Indicador Antecedente Composto da Economia (Iace) e do Indicador Coincidente Composto da Economia (ICCE) em agosto.
O Iace, que pretende antecipar as tendências econômicas no curto prazo, caiu 0,4%, para 121,5 pontos, no oitavo mês do ano, conforme levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), em parceria com a organização The Conference Board. O ICCE, que avalia o momento atual da economia, teve ligeira valorização de 0,1% em agosto, para 127 pontos.
No caso do Iace, Pichetti atribuiu a queda à contração econômica verificada nos dois trimestres negativos do Produto Interno Bruto (PIB) e às dúvidas do mercado diante das eleições, com a “reviravolta” dos últimos dias.” As expectativas dos indicadores permanecem indefinidas ante a proximidade das eleições. Ainda é muito cedo para dizer se o crescimento econômico vai melhorar no segundo semestre deste ano, mas o Iace sugere que a economia, provavelmente, continuará em um cenário de dificuldades no curto prazo”, afirmou Picchetti.
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“A perspectiva mais pessimista observada nas sondagens dos consumidores e nas expectativas em relação ao setor de serviços sobressaíram-se à melhoria das expectativas da indústria de transformação e do mercado de ações em agosto”, complementou Ataman Ozyildirim, economista do Conference Board. Em entrevista, ele lembrou que em sete dos oito primeiros meses deste ano, o Iace foi negativo
O Iace e o ICCE se baseiam em pesquisas sobre as expectativas dos empresários e dos consumidores. Além disso consideram, por exemplo, as variações do Ibovespa (principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo) e do balanço da produção de bens físicos medidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).