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Inadimplência no Brasil não cede e crédito desacelera

Linhas de financiamento de veículos são as vilãs do mercado. Ante a inadimplência que não cede, bancos estão cada vez mais cautelosos

Por Da Redação
26 out 2012, 16h31

A cautela dos bancos na concessão de empréstimos e os patamares elevados de endividamento das famílias estão segurando o crescimento do mercado de crédito brasileiro, em meio a uma inadimplência ainda elevada. O Banco Central mostrou nesta sexta-feira que a taxa de atrasos nos pagamentos acima de 90 dias permanece em 5,9% – dado relativo a setembro e que representa o terceiro mês consecutivo em que não sai deste patamar. Para pessoas físicas, a taxa continua em 7,9%. Para empresas, houve leve recuo de 0,1 ponto porcentual sobre agosto, para 4%.

“Os bancos estão mais cautelosos por conta da inadimplência. As famílias estão mais endividadas e está cada vez mais difícil pegar financiamento com prazos mais longos”, afirmou o economista da LCA Wermeson França.

Automotivo – O principal vilão tem sido o crédito automotivo, que acumula os maiores calotes. No mês passado, a taxa desse segmento subiu 0,1 ponto porcentual, para 6%, próximo do recorde histórico de 6,1% atingido em maio deste ano. Paradoxalmente, este é um segmento bastante estimulado pelo Palácio do Planalto tanto que, nesta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff decidiu prorrogar, pela segunda vez, a redução do IPI de automóveis e comerciais leves. Agora, o benefícia ficará em vigor até 31 de dezembro.

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Esperança – O chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, admitiu que a inadimplência tem surpreendido, mas voltou a defender que ela cederá até o final do ano. “Tínhamos a expectativa que ela iria cair agora em setembro. Pode ser que a greve tenha influenciado isso”, afirmou ele, referindo-se à paralisação dos bancários no mês passado.

Diante do cenário de calotes ainda elevados, as taxas médias de juros para pessoas físicas voltaram a subir depois de seis meses consecutivos de queda, passando de 35,6% para 35,8% ao ano em setembro. Em outubro, o movimento continua: até o dia 17, ainda segundo o BC, ela já estava em 36,5%.

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Para França, da LCA, os juros tendem a se estabilizar nesses patamares porque já houve quedas expressivas antes, além da redução dos empréstimos. Segundo o BC, as taxas médias mensais recuaram, entre março e setembro, 8,2 pontos porcentuais. “As taxas de juros devem se manter neste atual patamar, que é bastante baixo”, afirmou o economista, acrescentando que a margem de manobra do governo para forçar mais quedas nos juros se estreitou.

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O governo tem travado uma batalha com os bancos privados para forçar a queda nas taxas de juros cobradas dos clientes e, para isso, tem usado as instituições financeiras federais Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Além disso, o BC cortou a Selic para a mínima histórica de 7,25%.

Esse movimento abalou a rentabilidade das principais instituições financeiras privadas do país, que têm se mostrado cautelosas. O lucro do Itaú Unibanco, por exemplo, encolheu mais de 10% no terceiro trimestre na comparação anual, com aumento das provisões para calotes e queda da margem financeira.

Moderação – O cenário de alta inadimplência acaba segurando o crescimento do estoque total de crédito. Em setembro, houve alta de 1,1% sobre agosto, chegando a 51,5% do Produto Interno Bruto (PIB), ou 2,237 trilhões de reais.

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Na comparação anual, a expansão ficou em 15,9%, a menor desde dezembro de 2009, quando foi de 15,2%. O BC projeta que o mercado de crédito vai crescer 16% neste ano, sustentado, sobretudo, pelos bancos públicos.

Em setembro, essas instituições registraram aumento de 2% em seus estoques de crédito, mantendo o ritmo do mês anterior. Os bancos privados nacionais, por sua vez, desaceleraram, com alta de apenas 0,2% no mês passado; em agosto, a expansão havia sido de 0,9%.

“Ainda que estabilizada, a inadimplência elevada ainda fará com que os bancos privados sigam criteriosos nas novas concessões. Portanto, a tendência de maior participação das instituições financeiras do setor público também deve prosseguir”, escreveu a equipe econômica do banco Votorantim, por meio de nota.

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Endividamento – A demanda por crédito tem se reduzido também por causa do endividamento das famílias ainda elevado e do maior rigor dos bancos para se protegerem contra calotes. Em agosto, último dado disponibilizado pelo BC, as famílias tinham 22,36% da renda comprometida com o pagamento de dívida – patamar considerado expressivo.

Segundo Maciel, do BC, a greve bancária no mês passado explica também a desaceleração no mercado e a alta nos juros, argumentando que a paralisação favorece a tomada de créditos mais caros, como o cheque especial e o cartão de crédito. “Essas paralisações favorecem o crédito imediato, prontamente disponíveis. São linhas com taxas mais altas”, afirmou Maciel, ressaltando que, sem a greve, poderia ter havido queda no juros e nos calotes no mês passado.

O BC informou também que o spread bancário total – diferença entre o custo de captação do banco e a taxa efetivamente cobrada do consumidor final – atingiu 22,3 pontos porcentuais em setembro, contra 22,5 pontos no mês anterior. Em outubro, até o dia 17, ele já voltou a crescer, chegando a 22,7 pontos porcentuais. Para pessoa física, houve alta de 0,2 ponto porcentual, para 27,9 pontos. Para empresas, a taxa recuou 0,4 ponto, a 15,3 pontos.

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(com agência Reuters)

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