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Inovação perde fôlego na indústria brasileira

Pesquisa de Inovação 2011, divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE, constata desaceleração na criação de produtos e processos inovadores no setor industrial. No Brasil, segmento de energia e eletricidade é o que tem maior percentual de investimento e produção de novidade

Por Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
5 dez 2013, 09h00

O ritmo da inovação na indústria brasileira demonstra sinais de recuo, de acordo com a Pesquisa de Inovação 2011 (Pintec), divulgada na manhã desta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo, feito com base em questionários respondidos por telefone por representantes de cerca de 400 empresas com dez ou mais empregados, reflete as ações implementadas em inovação de produtos ou em processos produtivos dos setores industrial, de serviços de um grupo específico e, a partir desta edição, do setor de eletricidade e gás. De forma geral, no período entre 2009 e 2011, no universo pesquisado – que reflete a tendência de 128.699 pessoas jurídicas com dez ou mais pessoas ocupadas – houve 45.950 empresas que implementaram produtos ou processos novos ou “significativamente aprimorados”, uma “taxa geral de inovação” de 35,7%, segundo o IBGE. O dado não pode ser comparado diretamente com as pesquisas anteriores, pois houve a inclusão de novos segmentos na pesquisa até 2011.

O estudo conclui que, em relação à indústria, que já constava na edição anterior, houve redução de 38,1% para 35,6% na taxa de inovação. Enquanto aumentou o total de empresas que se enquadram nesse grupo pesquisado, com um crescimento de 16,1%, o crescimento entre as indústrias que apresentaram alguma transformação inovadora no período pesquisado foi de apenas 8,3%.

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Especialistas ouvidos pelo site de VEJA relacionam a queda no nível de inovação nas indústrias brasileiras à crise financeira global iniciada em 2008. Em um cenário de incertezas, gastos em inovação acabaram suspensos ou adiados para preservar recursos em cenários de maior adversidade, destaca Felipe Scherer, sócio-fundador da consultoria Innoscience, que presta serviços para empresas do setor farmacêutico e de telecomunicações, entre outras áreas em que a inovação é um fator de competição. “Investimento em pesquisa e desenvolvimento é feito com visão de longo prazo. Tem risco de não dar retorno. Quando a empresa percebe um cenário futuro incerto, a inovação é um dos primeiros cortes pela necessidade de proteger o caixa”, avalia Scherer.

Pesquisade Inovação - Pintec 2011
Pesquisade Inovação – Pintec 2011 (VEJA)
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A Pintec 2011 destaca o setor de eletricidade e gás como o de maior presença da inovação entre as empresas. No período de 2009 a 2011, 44,1% das companhias desse setor foram inovadoras. Já no grupo de empresas de serviços, 36,8% apresentaram algum tipo de transformação nesse sentido. Estão enquadradas no grupo de serviço as firmas que atuam nas seguintes áreas: edição e gravação e edição de música; telecomunicações; atividades dos serviços de tecnologia da informação; tratamento de dados, hospedagem na internet e outras atividades relacionadas; e pesquisa e desenvolvimento.

Formas de inovação – De acordo com a pesquisa, no período estudado foi mais frequente a inovação na indústria restrita aos processos internos (18,3% do total de entidades que apresentaram alguma inovação). Em seguida, vieram as firmas que inovaram tanto em produto quanto em processos (13,4%). O resultado representa uma mudança em relação à tendência diagnosticada em 2008, quando o maior percentual se concentrava entre as empresas que inovavam tanto em produtos como em processos (16,8%). Já entre as empresas do setor de serviços, foi maior a presença de companhias que inovaram nos dois aspectos (21,8%).

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Investimento – Na escala de desenvolvimento de produtos e processos, os investimentos de menor custo ainda predominam no Brasil, porque há menor risco envolvido, destaca Scherer. Das quase 46 mil empresas consideradas inovadoras, pelo IBGE, 85,9% realizaram pelo menos uma inovação de gestão e/ou marketing, 77,2% realizaram ao menos uma inovação organizacional e 60,7% alguma inovação de marketing. “Inovações de marketing e gestão possuem menor nível de risco, porque são replicações de metodologias ou adequações. Buscam muito mais uma excelência operacional, que também acabam gerando resultados com menor risco. Mas preocupa o nível baixo em relação a outros temas, que são também importantes”, disse o especialista em inovação.

Pela primeira vez, a falta de mão de obra qualificada aparece entre os dois maiores obstáculos para inovação na indústria. Pouco mais de 72% das indústrias apontaram a escassez de talentos como uma dificuldade. O problema só era superado, entre 2009 e 2011, pelos custos elevados para investir, segundo a resposta de 81,7% dos representantes de empresas entrevistados. “Falta ensino qualificado, graduação com bom conteúdo, nas engenharias principalmente”, disse Ana Arroio, gerente de desenvolvimento e inovação da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

Com os dispêndios em pesquisa ainda bastante dependentes de recursos públicos, a especialista avalia que o governo deveria identificar melhor as necessidades de fomento. Esse tipo de iniciativa supriria a falta de opções para pequenas e médias empresas em relação à formação de pessoal. “O governo tem que ouvir as empresas para identificar a demanda real de inovação em cada área. Muitas das linhas oferecidas são de tecnologia de ponta, como nanotecnologia. Mas muitas vezes a empresa precisa de pequeno apoio para inovar”, alerta Ana.

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