Grécia faz concessões e ainda espera chegar a acordo com credores
Pressionado, primeiro-ministro Alexis Tsipras se dispõe a recuar em alguns pontos, em troca de empréstimo para cobrir dívidas nos próximos dois anos
Um dia após dar um calote de 1,6 bilhão de euros no Fundo Monetário Internacional (FMI), a Grécia e seus credores (FMI e Banco Central Europeu) podem retomar as negociações para chegar a um acordo. Isso porque o governo grego mudou o tom e se mostrou disposto a acatar algumas condições impostas para a manutenção do pacote de ajuda financeira do país. Em carta enviada na terça-feira, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, diz que a Grécia pode aceitar a oferta de resgate mais recente dos credores se algumas prerrogativas forem alteradas. Em troca, Atenas pediu um empréstimo de 29 bilhões de euros para cobrir pagamentos de dívida que vencem nos próximos dois anos. “O objetivo, destaca, é chegar a um acordo reciprocamente benéfico”, diz.
Tsipras também pediu para manter o desconto do imposto sobre valor agregado (IVA) para ilhas da Grécia e o adiamento de cortes de gastos com defesa. O primeiro-ministro se mostra, no entanto, aberto a algumas concessões, como a redução dos gastos militares em 400 milhões de euros, e não em 200 milhões, como desejava a princípio. Além disso, a Grécia cede quanto aos subsídios aos aposentadores de baixa renda e agora está disposta a eliminá-los completamente a partir de 2019, em vez de substituí-los por outros auxílios. “Como podem notar, nossas alterações são concretas e respeitam totalmente a robustez e credibilidade do projeto do programa geral”, escreveu o líder esquerdista grego.
Os ministros das Finanças da zona do euro vão discutir o pedido grego em teleconferência marcada para às 12h30 (horário de Brasília), mas a reação inicial de ministros e autoridades foi de que a carta contém elementos que os ministros dificilmente aceitarão. A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que a Grécia não cumpriu suas obrigações, mas que a porta para negociações permanece aberta.
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Com longas filas se formando em caixas automáticos um dia depois de a Grécia se tornar a primeira economia avançada a dar calote no FMI, e com sinais de que a oferta de notas está ficando baixa, Tsipras está sob crescente pressão política para alcançar um acordo.
Embora a carta dele seja datada de 30 de junho, ela chegou após os ministros do Eurogrupo terem encerrado uma teleconferência na terça-feira à noite. Uma autoridade da UE disse que ela havia sido recebida por volta da meia-noite de Bruxelas, quando o resgate internacional do país expirou e quando ele deu calote no pagamento ao FMI.
O vice-presidente da Comissão Europeia (CE) para o Euro, Valdis Dombrovskis, assegurou nesta quarta-feira que “a porta segue aberta” para continuar com a negociação sobre a difícil situação econômica da Grécia. O primeiro-ministro, Alexis Tsipras, fará um pronunciamento na televisão estatal grega nesta quarta-feira para esclarecer o novo plano ao povo grego.
(Da redação)