FMI reduz projeção de PIB brasileiro para 1,5% em 2012
Fundo vê perspectiva positiva de crescimento para o próximo ano, mas alerta para aumento do crédito e dos preços dos imóveis no país
O Fundo Monetário Internacional (FMI) fez uma sensível redução da estimativa de crescimento do Brasil em 2012. A projeção passou de uma alta de 2,5%, feita recentemente em julho, para uma elevação de 1,5%, um pouco inferior à previsão do Banco Central (BC), que há quase duas semanas passou para 1,6% sua estimativa.
Para o FMI, a desaceleração expressiva do país não foi sentida apenas na economia local, mas provocou impactos expressivos na América Latina.
A revisão do crescimento brasileiro foi a segunda maior feita pelo FMI entre países avançados e emergentes, ficando atrás apenas da Índia, cujos números diminuíram de um incremento de 6,2% para 4,9% em 2012. De acordo com o relatório Perspectiva da Economia Mundial, divulgado nesta segunda-feira, o FMI também reviu para baixo a projeção do PIB do Brasil de 2013, de uma alta de 4,6% para uma elevação de 4,0%.
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A instituição acresita que a queda não foi provocada apenas pelo contágio da crise internacional, sobretudo a recessão na zona do euro. “A retomada do crescimento foi abaixo do esperado no Brasil – uma importante causa do desempenho regional mais fraco – devido a condições externas precárias e à transmissão mais lenta da distensão da política monetária desde agosto de 2011 como resultado do aumento da inadimplência, depois de muitos anos de rápida expansão do crédito”, apontou o FMI.
Para o Fundo, o aperto dos juros feito pelo BC no primeiro semestre de 2011 para controlar a inflação e a forte expansão do crédito também influenciaram o desaquecimento da economia.
Perspectiva de avanço – Embora a redução do ritmo do PIB do Brasil tenha sido avaliada pelo FMI como mais forte do que a da América Latina, o Fundo manifesta que a economia nacional deve pegar tração no fim de 2012, puxada pela demanda doméstica. Esse movimento terá como um dos principais agentes responsáveis o ciclo de corte da Selic pelo Banco Central, que reduziu a taxa básica de 12,50% para os atuais 7,5% ao ano. “Também é esperado que a expansão do emprego continue robusta, especialmente nos setores de serviços.”
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Segundo o FMI, a aceleração do PIB de uma alta de 1,5% em 2012 para 4% em 2013 deve ocorrer sobretudo em razão de ações adotadas pelo governo, como “medidas fiscais com o objetivo de fortalecer a demanda no curto prazo e distensão da política monetária”, como a redução da Selic de 5 pontos porcentuais em um ano.
Alerta – Apesar das perspectivas otimistas, o Fundo Monetário Internacional fez advertências sobre os preços elevados dos imóveis e o endividamento das famílias. O Fundo falou que as autoridades formuladoras de políticas devem ficar atentas a esses aspectos. Segundo o FMI “o boom de consumo tem sido um grande componente do forte desempenho do crescimento” nos últimos anos, mas “a demanda doméstica e os investimentos continuam relativamente baixos”. “Reformas (estruturais) poderão colocar o foco de forma útil em desenvolvimentos adicionais no pilar das contribuições definidas do sistema de pensões, racionalização do sistema tributário e desenvolvimento de instrumentos financeiros de longo prazo.”
O Fundo também manteve as notas concedidas há seis meses para os quatro principais indicadores da economia doméstica brasileira: baixo risco para inflação e para o fechamento rápido do hiato do produto; contudo, o FMI classifica como alto o perigo de que a taxa de desemprego possa ajudar a aquecer demais a economia; e mantém em vermelho o indicador para o ritmo do nível de atividade ante a tendência apurada antes da crise de 2007/2008.
(com Agência Estado)