Fazenda perdida: pasta não tem projeção para o PIB de 2012
Minutos depois de informar a redução da projeção de crescimento da economia neste ano de 4,5% para 3%, Ministério volta atrás. Dado correto segue incerto
Minutos depois de informar, por meio da 16ª edição do boletim ”Economia Brasileira em Perspectiva”, a redução da projeção para o crescimento da economia brasileira neste ano, o Ministério da Fazenda voltou atrás. Em e-mail enviado por sua assessoria de comunicação, a pasta afirmou que as informações da página 35 (referentes a investimentos e Produto Interno Bruto) ainda estão em revisão e que devem ser desconsideradas.
A Fazenda havia comunicado nesta tarde de sexta-feira que o PIB do país encerraria este ano com alta de apenas 3%, contra 4,5% da projeção anterior. Com o novo número, a projeção do ministério empatava com a da pasta do Planejamento, cuja expansão da atividade esperada é também de 3%, conforme o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do terceiro bimestre.
Após recuar e ser questionada pela reportagem se a projeção anterior (4,5%) ainda estava valendo, a assessoria da Fazenda reiterou a sinalização que já foi dada pelo governo federal, via Ministério do Planejamento, de que a economia não deve crescer mais de 4% neste ano. Afirmou ainda que o novo número do MF será comunicado em outro momento. Em resumo, a projeção anterior está em revisão e a estimativa atual não está fechada.
A previsão ‘errada’ do MF era mais otimista que a do Banco Central e do mercado. O BC trabalha com uma expansão de somente 2,5% neste ano – a autoridade monetária revisou seu número, anteriormente de 3,5%, no Relatório Trimestral de Inflação de junho. Dados do boletim Focus desta segunda-feira – levantamento realizado junto a consultorias, corretoras e bancos brasileiros – apontam que os economistas têm uma expectativa de PIB ainda pior, com alta de 1,75% no ano.
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A Fazenda projetou ainda que o PIB de 2013 crescerá 5,5% – exatamente o porcentual que constava na edição anterior do boletim.
Inflação – O boletim revisou também a previsão de inflação medida pelo IPCA de 2012 para 4,7%, ante os 4,4% apontados anteriormente. O documento destaca, contudo, que as pressões sobre os preços têm se dissipado progressivamente, ainda que assuma que houve impacto da alta das commodities no exterior sobre os custos no país.
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Desonerações tributárias – O documento destacou ainda que as desonerações tributárias neste ano até julho somaram 35,9 bilhões de reais. Desse total 10,9 bilhões de reais referiram-se a desonerações de investimentos. “Com o intuito de impulsionar a atividade econômica, o governo tem concedido benefícios fiscais para diversos setores, que totalizaram pelo menos 97,8 bilhões de reais entre 2007 e 2011”, informou o boletim. Nesse período, conforme o documento, 32% do total, ou cerca de 31 bilhões de reais, foram incentivos aos investimentos.
O documento apontou ainda que “a manutenção das baixas taxas de desemprego e o aumento do rendimento real das famílias permitem inferir que está em curso uma normalização nas captações e empréstimos”. A equipe econômica projeta que, no segundo semestre deste ano, o mercado de crédito será mais benigno e contribuirá para a aceleração da atividade econômica. O boletim informou que, em junho deste ano, o mercado de crédito no Brasil atingiu montante superior a 2,2 trilhões de reais, alcançando o equivalente a 50% do PIB.
(com Agência Estado)