Família Espírito Santo vende 5% das ações de seu banco
De acordo com o comunicado, a ESFG negociou 281,2 milhões de papéis - o equivalente a 4,99% do capital do BES - por 0,34 euro por ação
A família Espírito Santo se desfez de 4,99% do capital do Banco Espírito Santo (BES) nesta segunda-feira, com um desconto de quase 30% sobre o preço de fechamento da sexta-feira. A informação foi divulgada nesta segunda em fato relevante da Espírito Santo Financial Group (ESFG), holding que representa os negócios financeiros da família e entregou as ações para pagar um empréstimo bancário.
De acordo com o comunicado, a ESFG negociou 281,2 milhões de papéis – o equivalente a 4,99% do capital do BES – por 0,34 euro por ação. O valor representa desconto de 29,3% em relação ao fechamento de sexta-feira ou 23,6% ante o valor de encerramento desta segunda. Nesta tarde, a ação encerrou o dia a 0,445 euro.
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Segundo o grupo português, a venda, que movimentou cerca de 95 milhões de euros, foi fechada exclusivamente no mercado de balcão. Portanto, a negociação não foi realizada no pregão eletrônico, onde são determinados os preços dos papéis conforme ofertas de compra e venda.
Segundo a imprensa local, as ações foram entregues para o pagamento de um empréstimo contraído com o banco japonês Nomura. Com a venda, o grupo português ficou com posição remanescente de 20,1% do capital do BES, sendo que 20% “devem ser mantidos para fins de troca de bônus emitidos pela ESFG em novembro de 2013”, segundo outro fato relevante. Ou seja, a família passa a ter liberdade para negociar apenas 0,1% do capital do BES, já que a parcela restante está comprometida como garantia em outra operação financeira.
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Bancos – Maior instituição financeira listada de Portugal, o BES está no centro de uma tempestade após preocupações sobre suas ligações com uma rede de empresas controladas pelo poderoso clã Espírito Santo. A exposição da entidade provocou uma turbulência nos mercados globais nesta semana, o que levou algumas empresas europeias a suspender captações de recursos, revivendo memórias da crise da dívida no bloco econômico.
Pressionado a esclarecer sua vulnerabilidade em relação às empresas e não deixar que a situação saia de controle, o BES divulgou um comunicado na madrugada desta sexta-feira afirmando que tinha exposição de 1,15 bilhão de euros em bônus – e que acreditava ter reservas suficientes para absorver quaisquer perdas.
O BES disse ainda que tinha 2,1 bilhões de euros em capital acima dos requisitos regulamentares mínimos de 31 de março, levando em conta um adicional de 1 bilhão via emissão de ações.
(Com Estadão Conteúdo)