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Falta de infraestrutura impede avanço da Air France no país

As condições dos aeroportos impõem dificuldades aos planos de expansão da Air France-KLM, diz o presidente da empresa, Pierre-Henri Gourgeon

Por Ana Clara Costa, de Paris
25 fev 2011, 23h11

De olho no pujante mercado aereo nacional, a Air France-KLM traça planos para expandir sua atuação no país. Contudo, “a infraestrutura impõe dificuldades”, disse ao site de VEJA, em Paris, o presidente mundial do grupo, Pierre-Henri Gourgeon. O executivo levantou ainda a suspeita de que o governo propositadamente cria dificuldades para a concessão de direitos de tráfego às companhias estrangeiras. Gourgeon, no entanto, demonstra confiança de que todos esses problemas serão equacionados pelo governo Dilma.

caos aéreo no aeroporto de Guarulhos
caos aéreo no aeroporto de Guarulhos (VEJA)

A qualidade da infraestrutura aeroportuária no Brasil atrapalha a Air France?

Sim. O problema básico é que as condições atuais criam uma limitação natural à atuação das empresas aereas. A Air France quer crescer no país, mas a infraestrutura impõe dificuldades. São Paulo é um exemplo evidente do quão difícil é aumentar o números de pousos e decolagens. O Brasil é um grande país que se desenvolve rapidamente, e que tem recursos importantes. Tenho confiança que os governantes saberão construir uma infraestrutura condizente com esse crescimento. Outras grandes nações emergentes, como a China e a Índia, já investem muito em aeroportos. É uma questão de decisão do governo.

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A Air France teria mais destinos se houvesse uma infraestrutura melhor?

Claro. Certamente iríamos para outros locais no país. No momento, somos limitados pelo direito de tráfego. Não posso afirmar se está ligado aos problemas de infraestrutura, mas é evidente que as autoridades brasileiras hesitam em conceder autorizações às companhias estrangeiras. Suspeito que querem favorecer o desenvolvimento das empresas aereas nacionais, o que nos afeta diretamente. A Comissão de Bruxelas já está em negociação com o governo do Brasil para tentar reverter isso. Espero sinceramente que o resultado dessas conversas permita um aumento das autorizações de vôo para nosso grupo, pois o Brasil é nosso principal destino na América Latina. Juntas, Air France e KLM têm cinco voos diários para o país, pousando no Rio de Janeiro e em São Paulo. Nosso crescimento chega a 7% ao ano, o que é muito bom; ainda que há doze anos estamos com esse ritmo.

A Air France iria para onde mais no Brasil se houvesse mais ‘slots’?

Iríamos primeiro a Brasília. Contudo, tudo dependerá de a Comissão de Bruxelas conseguir negociar com o Brasil. Houve alguns encontros, mas sem nenhuma conclusão. Só depois de uma decisão, poderemos traçar novas estratégias. A negociação, a meu ver, deve levar alguns meses ainda.

Qual sua expectativa com a nova presidente Dilma à frente do setor aereo brasileiro?

Espero que a nova presidente entenda a importância de um mercado mais aberto. Para ter companhias brasileiras mais fortes, é preciso permitir que o tráfego aéreo se desenvolva. Afinal, é a concorrência saudável que, quando em jogo, equilibra o mercado. Considero bem fortes as empresas de seu país. A TAM trabalha muito bem e concorre conosco, vindo todos os dias a Paris. Eles são muito eficazes. Não sei se uma abertura dá medo ao governo, mas espero que a nova presidente leve isso em consideração.

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E a fusão da TAM e da LAN? Representa perigo para Air France na América Latina?

O grupo será sem dúvida um concorrente mais potente. Trata-se de uma consolidação, o que considero ótimo. Sou favorável a este movimento em todos os continentes. No setor aéreo – em que os custos são elevados, as margens operacionais, baixas, e a escala tem importância estratégica – não dá para ter muitos competidores regionais. Quando ocorre uma crise, as empresas acabam tendo de recorrer à legislação de falência, como se viu nos Estados Unidos nos últimos anos. Aviação é um setor em que não se pode estocar assentos. É um ramo muito difícil. Então, quanto mais consolidação, melhor.

A Air France já tem acordos com a Gol para compartilhamento de milhas aéreas e assentos nos vôos. Há planos de incorporá-la à aliança que vocês fundaram, a Skyteam?

A porta está aberta. A Gol trabalha muito bem conosco. Temos conexões na chegada dos voos tanto da Air France quando da KLM. Como a Gol não tem rotas de longa distância, é interessante para eles acolher os passageiros que chegam do exterior aos grandes centros brasileiros, levando-os a aeroportos menores no país. Se eles quiserem entrar na Skyteam, será ótimo. A Gol pode entrar mesmo não tendo voos de longa distancia.

Ter os aeroportos submetidos ao ministério da defesa, como ocorre no Brasil, é um problema?

Isso não dá para dizer. O que posso afirmar é que, aqui em Paris, os militares têm um aeroporto fora da cidade que ninguém conhece – e é lá que eles fazem funcionar seus aviões e os do governo. Agora, aeroportos como Orly e Roissy, que são grandes e importantes, não tem nenhum militar cuidando deles. Quem os administra é a ‘Aéroports de Paris’, uma empresa privada, cotada em bolsa, apesar de ter participação estatal. Nem na França, nem no Reino Unido, em nenhum pais europeu você encontrará aeroportos sob o comando de militares. E funciona muito bem.

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