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Experiência islandesa mostra que é melhor deixar bancos quebrarem

Por Por Haukur Holm
6 nov 2011, 14h23

Três anos depois do colapso dos bancos islandeses, a economia da ilha se recupera e se ergue como prova de que os governos, em vez de resgatar estas entidades, deveriam deixá-las quebrar e proteger os contribuintes, apontam analistas.

Em outubro de 2008, os três grandes bancos islandeses foram varridos por sua exposição à crise das hipotecas “subprime”, que dias antes fez sua maior vítima com o banco americano de investimentos Lehman Brothers.

O governo de Reikiavik deixou que eles quebrassem e pediu um crédito de 2,25 bilhões de dólares ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Após três anos de duras medidas de austeridade, a economia da ilha, povoada por pouco mais de 300 mil habitantes, mostra sinais de recuperação.

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E isso em meio a uma crise econômica que colocou a Grécia à beira da quebra e gerou planos de ajuste muito impopulares em Portugal, Irlanda, Itália e Espanha, para reduzir um endividamento público inflado em parte pelo resgate do setor bancário.

“A lição que nasce da maneira pela qual a Islândia lidou com sua crise é que, na medida do possível, é importante proteger os contribuintes e as finanças públicas do custo de uma crise financeira”, resume à AFP Jon Bjarki Bentsson, analista do banco Islandsbanki.

“Nossa forma de enfrentar a crise não foi uma escolha, mas se deveu à incapacidade do governo de apoiar em 2008 bancos muito grandes em comparação com a economia. No entanto, isto foi relativamente bom para nós”, acrescentou.

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O setor financeiro islandês valia antes de sua quebra 11 vezes mais que o Produto Interno Bruto (PIB) da ilha.

O economista americano e prêmio Nobel Paul Krugman concorda com as declarações de Bentsson.

“Enquanto os demais resgataram os banqueiros e fizeram o povo pagar o preço, a Islândia deixou que os bancos quebrassem e expandiu sua rede de proteção social”, escreveu recentemente Krugman em um artigo no The New York Times.

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“Enquanto os demais ficaram obcecados em tentar aplacar os investidores internacionais, a Islândia impôs controles temporários aos movimentos de capital, para abrir um espaço de manobra”, acrescentou.

Durante uma visita a Reikiavik na semana passada, Krugman destacou que a Islândia deve sua recuperação a sua moeda nacional, a coroa, e advertiu contra a ideia de que a adoção do euro protege dos desequilíbrios econômicos.

“A recuperação econômica da Islândia demonstra as vantagens de estar fora do euro”, disse Krugman, acrescentando que isto deveria servir de advertência à Espanha.

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No entanto, o exemplo islandês não pode ser comparado com a situação de países como Grécia ou Itália.

“A grande diferença entre Grécia, Itália e demais e a Islândia em 2008 é que esta última sofreu uma crise bancária causada pelo colapso de um setor hiperatrofiado, enquanto os anteriores têm uma crise de dívida soberana que se estendeu ao setor bancário europeu”, explica Bentsson.

O ex-primeiro-ministro islandês, Geir Haarde, no poder durante a crise financeira de 2008 e atualmente processado por sua condução da crise, insistiu que o governo tomou a decisão correta deixando os bancos quebrarem e os credores assumirem as perdas.

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“Salvamos o país da bancarrota”, disse Haarde, de 68 anos, à AFP em uma entrevista em julho.

“É evidente se for comparada nossa situação atual com a da Irlanda, para não falar na Grécia”, disse, acrescentando que estes dois países da UE “cometeram erros que nós não cometemos”. “Nós não garantimos as dívidas externas do sistema bancário”, acrescenta.

Assim como Irlanda e Letônia, também resgatados com ajuda internacional e em recuperação atualmente, a Islândia empreendeu duras medidas de austeridade.

A fórmula islandesa parece estar dando certo. Tanto que seu banco central aumentou na quarta-feira sua taxa básica de juros em 0,25%, a 4,75%, seguindo uma tendência oposta à da maioria dos países desenvolvidos, que reduziram suas taxas para favorecer o crescimento e evitar uma nova recessão.

Segundo o banco central islandês, o crescimento econômico na primeira metade de 2011 foi de 2,5% do PIB, e espera-se que no conjunto do ano chegue a mais de 3%.

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