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Ex-assessor de Lagarde é colocado em prisão preventiva

Bernard Tapie está sendo investigado por ter sido favorecido em um caso que envolve a atual chefe do FMI

Por Da Redação
24 jun 2013, 17h00

O empresário francês Bernard Tapie foi colocado nesta segunda-feira em prisão preventiva para ser interrogado pela polêmica arbitragem judicial que lhe permitiu receber mais de 400 milhões de euros do governo francês, em um caso que envolve a atual chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, informou uma fonte ligada ao processo.

Há cinco anos, um tribunal arbitral lhe outorgou 403 milhões de euros de indenizações, pagos pelo Estado, pondo fim a um litígio com o banco (então estatal) Crédit Lyonnais pela venda, em 1993, da Adidas, que ele tinha adquirido três anos antes.

Os juízes de instrução suspeitam que a arbitragem judicial privada foi fraudada em benefício de Tapie e investigam que tipo de relação existia entre o empresário, a presidência francesa e o Ministério da Economia, assim como seus vínculos com os juízes-árbitros.

Em maio três pessoas foram acusadas por “fraude em grupo organizado”: Stéphane Richard, atual presidente do grupo de telecomunicações Orange e, na época, diretor de gabinete da ministra da Economia Christine Lagarde; Jean-François Rocchi, ex-diretor do Consórcio de Realização (CDR, que administrava o passivo do Crédit Lyonnais) e um dos juízes-árbitros, Pierre Estoup. Ao acusá-los, os juízes consideraram que os três poderiam ter participado em um “simulacro de arbitragem” com o objetivo de que o Estado e suas agências “aceitassem um compromisso contrário a seus interesses”.

Christine Lagarde, diretora-geral do FMI, que naquela época era ministra da Economia do governo do presidente Nicolas Sarkozy, foi declarada “testemunha assistida” no final de maio pela Corte de Justiça da República, a única instância que pode julgar na França os ministros por atos cometidos durante o exercício de suas funções. Isso lhe concede um status intermediário entre o de testemunha e de acusada.

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Encontro – Uma data chave do caso parece ser uma reunião realizada no final de julho de 2007 no palácio presidencial do Eliseu, em que participaram, segundo Richard, o secretário geral da presidência Claude Guéant, o secretário geral adjunto François Pérol, Rocchi, o conselheiro de justiça da presidência Patrick Ouart e também Tapie. Nessa reunião, Claude Guéant resolveu a questão: “Vamos fazer uma arbitragem”, disse, segundo as declarações de Richard aos investigadores. Guéant será, sem dúvida, convocado em breve pelos juízes, que já realizou registros de seu escritório e de sua residência.

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Sobre a reunião no Eliseu, Tapie multiplicou as declarações à imprensa, dando a entender que participou dela. Apesar de, segundo disse à AFP, não se lembrar dessa reunião “nessa data”, Tapie explicou que sua participação na reunião parece “lógica” para “explicar sua posição” sobre a arbitragem. A investigação também demonstrou que Tapie esteve em várias datas com o então presidente Nicolas Sarkozy em 2007 e 2008. Tapie deverá esclarecer aos juízes seus vínculos com o juiz Pierre Estoup, a quem ofereceu, em 1998, um livro com uma dedicatória dizendo: “Seu apoio mudou o curso de meu destino”.

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O jornal ‘Le Monde’ revelou que os investigadores também estão estudando uma possível tentativa de intervenção de Estoup para favorecer Tapie em um juízo sobre as contas do clube Olympique de Marsella, que o empresário dirigiu.

A detenção preventiva pode se prolongar por quatro dias. Bernard Tapie, personagem típico da política francesa, passou por épocas de glória e de ruína, foi empresário, ministro e até ator quando perdeu a fortuna nos negócios. Tapie está sendo interrogado no hospital parisiense Hôtel-Dieu, que dispõe de uma sala apta para os detidos que precisam de atenção médica. No momento é desconhecida a razão da escolha deste lugar.

Jean Bruneau, ex-presidente da associação de pequenos acionistas da sociedade BTF (Bernard Tapie Finances), também foi detido, segundo fonte.

(com Agence France-Presse)

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