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Espanha ameaça Argentina em negociação sobre a YPF

Governo argentino estuda nacionalizar a YPF, que é controlada pela espanhola Repsol, sob o argumento de que a companhia não tem investido o suficiente

Por Da Redação
13 abr 2012, 16h00

Buenos Aires, preocupada com o crescente gasto com a importação de hidrocarbonetos, aperta o cerco às petroleiras estrangeiras

A Espanha afirmou nesta sexta-feira que adotará medidas duras se fracassar a negociação com a Argentina sobre o futuro da petroleira YPF. Madri chegou a advertir que, se não for fechado um acordo bilateral, adotará mais do que uma ruptura econômica contra o país. “O rompimento de uma negociação entre Espanha e Argentina não seria somente em termos econômicos. Seria uma ruptura de uma relação fraternal que temos há muito tempo”, disse o ministro espanhol de Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo, após uma reunião com o embaixador da Argentina.

Buenos Aires pressiona a YPF – que tem 57,4% do capital nas mãos da espanhola Repsol – para que eleve seus investimentos no país, enquanto crescem os rumores de que a presidente Cristina Kirchner poderá, finalmente, tomar o controle da empresa, o que implicaria uma expropriação. A Espanha convocou o embaixador da Argentina em Madri, Carlos Bettini, para prestar esclarecimentos sobre um suposto plano de nacionalização da YPF.

García-Margallo afirmou também que Madri tomará todas as decisões oportunas sobre a YPF e pedirá ajuda de sócios e aliados. Segundo a autoridade, a Espanha tem falado com Estados Unidos e México sobre o impasse. O governo espanhol afirmou ainda que defenderá com todos os instrumentos os interesses do país no conflito com Cristina Kirchner.

Para o ministro espanhol, nacionalizar a YPF seria “agressão à segurança jurídica” existente entre os países. “Qualquer agressão violando o princípio de segurança jurídica da Repsol será tomada como uma agressão à Espanha”, afirmou.

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Tensão crescente – O mal-estar existente há semanas entre os dois países, de relações tradicionalmente cordiais, gerou um conflito diplomático, que levou a Comissão Europeia (CE) a intervir nesta sexta-feira. A CE pediu que a Argentina proteja os investimentos estrangeiros em seu território. “Esperamos que Argentina respeite seus compromissos internacionais sobre a proteção dos investimentos estrangeiros em seu território e nos mantemos ao lado da Espanha neste caso”, afirmou em Bruxelas Olivier Bailly, porta-voz da Comissão Europeia, em coletiva de imprensa. Margallo, por sua vez, afirmou que houve contatos do órgão com Buenos Aires.

A vice-presidente do governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría, considerou “grave” a situação, e o ministro espanhol de Assuntos Exteriores pediu o diálogo para resolver a questão. “É hora do diálogo, da negociação e de bom senso por parte dos dois governos de países cujas relações têm sido tradicionalmente importantes”, disse Margallo.

O ministro espanhol de Indústria, José Manuel Soria, foi nesta quinta-feira o primeiro a elevar o tom, poucas horas antes de uma reunião entre a presidente argentina Cristina Kirchner e os governadores das províncias, alguns dos quais retiraram suas concessões de exploração à Repsol YPF, que nos últimos meses perdeu 16 licenças de exploração.

Autoabastecimento – “O objetivo do governo é atingir o autoabastecimento de petróleo. Analisamos cada uma das concessões e o cumprimento dos contratos. Quando isso não ocorre, a situação se reverte”, disse o ministro argentino da Economia, Hernán Lorenzino, sem fazer maiores comentários sobre o caso YPF. “Creio que caso ocorra (a nacionalização) seria uma notícia ruim para todos, mas também para a Argentina, porque, na comunidade internacional em que vivemos, romper as regras implica um custo”, advertiu o secretário de Estado espanhol para a União Europeia, Iñigo Méndez de Vigo. “Esta série de acontecimentos, além de criar incertezas quanto o desenvolvimento normal de um negócio, determinou uma depreciação das ações da empresa em 40%”, disse García-Margallo. As ações da Repsol recuaram 2,73% nesta sexta-feira na Bolsa de Madri, para 17,47 euros.

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A filial argentina da Repsol representa dois terços da produção de petróleo da multinacional (62%) e quase a metade de suas reservas (1 bilhão de barris de um total de 2,2 bilhões de barris).

Nesta sexta-feira pela manhã, em Madri, o grupo afirmou que não possuía nenhuma informação sobre um possível aumento da participação do Estado argentino de sua filial. A Repsol-YPF é o líder no mercado de combustíveis na Argentina. Sua filial YPF, privatizada nos anos noventa, controla 52% da capacidade de refino do país e dispõe de uma rede de 1.600 estações de serviços.

O governo e as províncias produtoras de petróleo responsabilizam a empresa por não cumprir compromissos de investimento e dizem que isso obriga o país a importar grandes volumes de hidrocarbonetos. Umas das principais críticas é que a Repsol-YPF “reduziu em 30% a 35% sua produção de petróleo nos últimos anos e mais de 40% a de gás”. O declínio forçou a Argentina a aumentar em mais de 9 bilhões de dólares as importações de hidrocarbonetos, segundo um documento das províncias.

A Repsol YPF rejeita o argumento oficial e assegura que em 2012 deve investir 15 bilhões de pesos (3,4 bilhões de dólares) no país.

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(Com agências Reuters e France-Presse)

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