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EPL se equipa para tentar um milagre: ser uma estatal eficiente

Em entrevista ao site de VEJA, Bernardo Figueiredo, presidente da empresa, afirma que os processos de gestão implantados garantirão a perenidade dos projetos de infraestrutura, mesmo após as trocas de governo

Por Naiara Infante Bertão
21 jun 2013, 07h47

Criada em agosto de 2012 com o objetivo de ser a “fábrica de projetos” do governo, a Empresa de Planejamento Logístico (EPL) entrará no próximo mês em uma nova fase. Após um amplo trabalho de estruturação de processos, treinamento e arrumação da casa, que contou com o trabalho da consultoria de gestão Falconi, de Vicenti Falconi, a empresa se prepara para contratar profissionais e, conforme disse seu presidente, Bernardo Figueiredo, a ideia é transformá-la na estatal mais eficiente da República. “Estamos analisando a consistência dos projetos, montando uma hierarquia e preparando uma proposta de ondas (fases) de investimentos que devem ser apresentados ao governo em breve”, afirmou Figueiredo ao site de VEJA. Confira trechos da entrevista.

Depois de quase um ano no centro de todas as discussões sobre infraestrutura, qual é seu balanço sobre o trabalho da EPL?

Com a missão de criar uma empresa do nada, responder por um programa agressivo, grande e complexo, uma coisa que não posso reclamar é de tédio. Estou com uma estrutura básica montada e estamos adotando os padrões mais modernos de gestão. Desde o primeiro dia, contamos com a consultoria Falconi, de Vicente Falconi, para nos ajudar com a elaboração dos processos internos de gestão. O movimento Brasil Competitivo nos forneceu essa ajuda. Já desenhamos dezoito deles (processos) e já temos um mapa das estratégias, metas e indicadores definidos. Primeiro, discutimos o que era a empresa, o que gostaríamos de fazer, a missão, os objetivos, quais processos seriam necessários estruturar e agora estamos fechando a estrutura organizacional, enxuta, mas com conceitos modernos de gestão.

Como serão as contratações?

Falta apenas dimensionar a quantidade de vagas que precisamos abrir – hoje, nosso quadro de funcionários é de 120 pessoas – e depois levaremos para a aprovação do governo. Também estamos sendo assessorados pela consultoria Accenture, que está sistematizando a percepção de prioridades de investimento. Estamos analisando a consistência dos projetos, montando uma hierarquia e preparando uma proposta de ondas (fases) de investimentos que devem ser apresentados ao governo em breve.

Tais fases de investimentos se referem aos projetos anunciados no ano passado pela presidente Dilma Rousseff?

Não apenas isso. Embora não seja banal, o que já foi anunciado até agora é apenas um terço dos investimentos que temos de fazer no país para acabar com os gargalos de infraestrutura. Identificamos, nos estudos, quais os demais projetos que deverão ser contratados em 2014, 2015 e 2016. Estamos contratando agora 180 bilhões de reais em investimentos este ano em ferrovias, rodovias e portos. Ano que vem precisamos contratar mais 120 bilhões de reais. Em 2015, outros 120 bilhões de reais para que os problemas estruturais sejam resolvidos.

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Como a EPL pode ajudar a destravar esses investimentos?

A EPL não vai executar as coisas, vai fazê-las acontecer. Não vamos ter milhares de engenheiros para fazer os projetos. Minha ideia é contratar pessoas que tenham perfil de gerência, que saibam identificar o que é preciso para montar um bom projeto e tenham capacidade para contratar os serviços necessários para embasá-lo. Vou trabalhar com o mercado, contratar estudos, medições, pesquisas, terceirizar essas questões técnicas. O que vamos trabalhar é com o padrão de qualidade.

Como garantir um único padrão em projetos que são tão diferentes?

Nossa ideia é criar padrões e manuais que as pessoas sigam e fazer estudos de mercado como não se faz há 30 anos no país. Já encomendamos para uma empresa privada, por exemplo, uma pesquisa completa de tráfego de passageiros e cargas nas rodovias. Vamos identificar oportunidades e montar uma prateleira de projetos. No caso das rodovias, vamos identificar qual a referência de rodovia ideal, espessura, asfalto, quantidade de faixas, velocidade, desempenho, volume de tráfego etc. Para isso estou criando um Observatório de Logística, que deve ficar pronto até 2015.

Como vai funcionar esse Observatório?

Vamos implantar uma tecnologia para que as pessoas possam observar on-line o que acontece no transporte brasileiro, como a CET faz no trânsito em São Paulo. Será possível ter o controle da qualidade da circulação em todas as rodovias, ferrovias e controlar o acesso aos portos. Com base nisso, poderemos identificar melhorias e preparar projetos. Também será possível acompanhar o que está fora do padrão e tentar entender o porquê.

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Esse modelo foi inspirado em algum país?

Em nenhum lugar todas essas coisas estão integradas. A China e a Espanha têm toda uma rede on-line para monitorar ferrovias. E Roterdã (na Holanda) é referência em portos. O que vamos fazer é integrar isso, capturar informações, criar banco de dados e observar.

Como será o alinhamento da EPL com os demais atores que deverão participar das obras?

Temos um Conselho em que todos participam. Antes, eram apenas ministros, mas a presidente Dilma abriu também para a sociedade civil e para a indústria. A EPL é a secretaria executiva do Conselho. Meu cliente é o Conselho. Um exemplo: eu dou a ideia, a ANTT faz a concessão, a empresa cuida da obra e eu meço se o benefício esperado aconteceu. E, se não, tenho de descobrir o porquê. Precisamos criar no Brasil essa cultura de processo.

A burocracia para se conseguir licenças ambientais é inegável. Como lidar com isso e ser eficiente ao mesmo tempo?

Desde outubro do ano passado estamos discutindo o licenciamento das rodovias e ferrovias da primeira leva. A EPL já contratou o Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) de alguns lotes. Essas concessões já estarão um passo adiante do que se fazia antes, e continuamos (a EPL) ajudando na negociação com o Ibama. Minha ideia é que, no ano que vem, passemos os projetos para o investidor num estágio mais avançado no que se refere à concessão de licenças. Em 2015, a intenção é passar o projeto com a licença previa já concedida.

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A EPL é a estatal que vai monitorar obras de longo prazo. Como garantir sua eficiência diante das trocas de governo que ocorrerão?

A EPL nasceu para ser uma estatal diferente. O que vai garantir sua perenidade são esses processos. Diferentemente de uma obra de arte, que só o artista consegue fazer, planejamento de transporte é processo. Não importa quem entre no comando, quando eu me aposentar.

E quando será?

Espero que seja no fim do ano que vem. Mas os processos estarão montados e funcionando. O padrão de qualidade será mantido. Isso e a relevância da EPL para o setor empresarial, em especial, vão fazer a estatal durar. Vou entregar a estatal no final do ano que vem com todos os processos implantados, pessoas contratadas e habilitadas.

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