Governo acelera estudos para linha de transmissão de energia de Belo Monte
Em evento, residente de entidade energética criticou falta de consenso com a área ambiental e afirmou que termelétricas devem continuar funcionando
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) acelera o desenvolvimento dos estudos da primeira linha de transmissão de energia da usina de Belo Monte (PA) para licitar o projeto em dezembro. “A expectativa é de concluirmos os estudos em agosto”, afirmou nesta terça-feira o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, que esteve no Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico (Enase), no Rio de Janeiro. O projeto da linha prevê a construção de uma grande linha de transmissão, partindo de Xingu (PA) até a divisa entre São Paulo e Minas Gerais.
De acordo com Tolmasquim, o Ministério de Minas e Energia (MME) e a EPE discutem a possibilidade de se construir uma segunda linha de transmissão para a usina de Belo Monte. O projeto adicional sairia também de Xingu, mas chegaria ao Rio de Janeiro. Além de escoar a produção de Belo Monte, Tolmasquim afirmou que o segundo tronco de transmissão permitiria transportar a energia do Complexo Hidrelétrico do Rio Tapajós (PA) – a primeira usina do complexo, São Luís do Tapajós, está prevista para ser licitada pelo governo em 2014. “A linha também reforçaria o intercâmbio de energia entre o Norte e o Sudeste do país”, afirmou ele.
Debate ambiental – Para Tolmasquim, um dos principais desafios para a expansão do setor elétrico é o diálogo com a área ambiental – a falta de consenso está sendo, inclusive, um dos responsáveis pelos atrasos na construção de Belo Monte. O diretor da EPE disse ainda que são necessários “mecanismos mais fáceis de diálogo” entre os segmentos, e que os entraves para expansão estão cada vez mais visíveis no segmento de transmissão de energia, além da geração. “A solução não é simples, não existe solução unilateral. Depende de diálogo, depende de convencimento”, disse o presidente da EPE.
Termelétricas a todo vapor – O presidente da EPE também afirmou que não haverá desligamentos de termelétricas até junho – tais usinas estão funcionando em regime emergêncial, por conta do baixo nível de abastecimento das hidrelétricas. Neste mês, após a ocorrência de chuvas, o governo desligou quatro geradoras.
Acho que a gente tem que manter as térmicas ligadas mais um tempo por questão de prudência”, disse Tolmasquim. A manutenção da geração termelétrica atual será avaliada na próxima reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), marcada para início do mês que vem.
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(com Estadão Conteúdo e agência Reuters)