Entenda a classificação de risco de empresas e países
Avaliação feita pelas agências Standard & Poor's, Moody's e Fitch é usada como referência para investidores de todo o mundo
Nesta quarta-feira, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota de crédito do Brasil, tirando-a da lista dos países considerados mais seguros para os investidores. Esse rebaixamento mostra que, internacionalmente, o país já não é visto como um destino tão seguro para os investimentos quanto era até 2014, quando o Brasil era “grau de investimento” (ou investment grade) na avaliação das três principais agência de rating – além da Fitch, a Moody’s e a Standard & Poor’s.
Assim como ocorre nos serviços de proteção ao crédito, em que o histórico de adimplência ou inadimplência de uma pessoa é levado em conta para a liberação de financiamento e para a definição das taxas de juros, a nota de crédito de países e empresas é um termômetro de como credores e investidores percebem o país ou a empresa avaliada. Cada agência tem sua própria escala, todas com mais de uma dezena de notas. Essa escala é dividida pela metade: na metade de cima estão as notas investment grade; na de baixo, o grau especulativo (ou junk). Na escala de Fitch e S&P, o Brasil agora é junk.
Se as finanças são sólidas, a comunicação com o mercado, clara, e o histórico de cumprimento de compromissos, bom, a nota dada pelas agências de rating é mais alta. Do contrário, se as agências veem problemas nas finanças dos países e empresas ou percebem que o cenário futuro não é promissor, elas rebaixam a nota. No caso atual do Brasil, a piora das contas públicas e a turbulência política – que afeta o ambiente econômico – estão entre os principais fatores considerados para o rebaixamento.
Investidores de todo o mundo utilizam essas notas como referência para a decisão de onde e como aportar seus recursos. Ativos com notas mais altas tendem a ter rendimento mais baixo, mas oferecem como contrapartida um risco menor de calote. No lado oposto, ativos tidos como menos seguros – caso, agora, dos títulos da dívida brasileiros – precisam oferecer retorno mais alto para atrair os investidores.
Muitos investidores importantes, como grandes fundos de pensão americanos, têm em seus estatutos a exigência de que seus recursos só sejam aplicados em países e ações de empresas que são investment grade. Com o Brasil deixando de ser investment grade na avaliação de duas das principais agências internacionais, a fuga de recursos passa a ser compulsória para os administradores desses fundos.
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(Da redação)