Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Empresas ligadas a fraude alimentar têm de começar do zero

Especialistas explicam que o preço pago pela quebra de confiança do consumidor é alto e, muitas vezes, marcas precisam ser recriadas para apagar um histórico ruim

Por Naiara Infante Bertão
26 Maio 2013, 17h17

Os seguidos casos de contaminação alimentar, como a fraude cometida no leite, os sucos de maçã com soda cáustica ou os ovos de páscoa com mofo, ferem a confiança dos consumidores nas marcas envolvidas. As empresas gostam de falar em conquistar e fidelizar um cliente. Mas, para isso, é preciso ser fiel como num relacionamento: dê poucos motivos (ou nenhum, de preferência) para desconfiança. Se essa relação é bruscamente abalada, recomeçar é a única maneira de tentar mostrar que as qualidades continuam superiores às falhas – embora algumas vezes seja impossível. “Em alguns casos é aconselhável até a criação de uma nova marca para limpar a lembrança ruim da cabeça do consumidor”, diz Timothy Altaffer, professor de marketing do Insper.

A única maneira de evitar uma ruptura é fazer o consumidor entender que o problema foi acidental. E, principalmente, pontual. A transparência é sempre a melhor estratégia. Se o problema vier de um franqueado, a matriz deve assumir o controle da situação e arcar com todos os custos necessários para reparar o estrago. Se um funcionário mal intencionado modificou a fórmula de um produto, a companhia deve reportar o erro, pedir desculpas e explicar quais medidas serão tomadas para impedir novos deslizes. O que a empresa não pode fazer é fugir dessa regra simples e apostar na falta de memória do consumidor. “Há empresas que preferem culpar o consumidor, que é o elo mais fraco”, afirma Altaffer.

Leia também:

Após série de contaminações, Anvisa propõe mudanças no recall de alimentos

Chefe de empresa holandesa é preso por escândalo de carne de cavalo

Continua após a publicidade

Para o consumidor, a dica é selecionar os produtos. Seja criterioso e pense que, muitas vezes, o preço mais alto equivale a processos mais custosos para manter a qualidade e a segurança alimentar. Marcelo Pontes, coordenador de marketing, pesquisa e economia da ESPM, lembra que no emblemático período em que foram desbaratadas quadrilhas de adulteração de combustíveis, em 2007, que culminou com o fechamento de vários postos em todo o Brasil, os consumidores escolheram abastecer apenas em postos de marcas que inspiravam confiança. “É o mesmo procedimento com os alimentos, que devem vir de empresas que constroem diariamente o laço de confiança com o consumidor”, diz ele.

Leite – Nesta semana, as entidades que representam o setor de leite estiveram em Brasília para uma reunião com o Ministério da Agricultura para definir uma agenda para consertar os estragos em toda a cadeia produtiva. De acordo com Nilson Muniz, diretor-executivo da Associação Brasileira Longa Vida (ABLV), as propostas vão desde cuidados e procedimentos relativos ao transporte até às análises mais rígidas da bebida pela indústria. “Esse episódio não é isolado”, diz Muniz. “Ele diz respeito à cadeia láctea como um todo.”

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também anunciou que quer mudar as regras dos recalls de alimentos e bebidas. A ideia é acelerar a retirada dos produtos do mercado para reduzir o risco de o consumidor ter contato com alimentos estragados. De acordo com a proposta, as indústrias terão 24 horas para comunicar à agência sobre a necessidade de retirar um produto do mercado, caso haja algum tipo de problema. Caberá à fabricante do alimento que deverá elaborar e implementar um plano de recolhimento dos alimentos e bebidas.

Leia ainda:

Escândalo da carne de cavalo afeta a imagem de todas as carnes, diz Abiec

Fraude alimentar deixa consumidores de mãos atadas

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.