Embraer é acusada de pagar propina no exterior
Companhia teria oferecido suborno para ex-coronel da força aérea dominicana em troca do fechamento de um contrato de US$ 92 milhões
O Ministério Público Federal, com ajuda do Departamento de Justiça e da Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, entrou com uma ação criminal contra oito funcionários da Embraer, acusados de pagar propina a autoridades da República Dominicana em troca de um contrato de 92 milhões de dólares, informou nesta terça-feira o jornal norte-americano The Wall Street Journal.
“Em função de o assunto ser objeto de uma investigação em andamento no Brasil e nos EUA, a empresa não pode fazer mais comentários sobre qualquer aspecto do caso, incluindo os processo no Brasil, onde a companhia não faz parte da investigação”, informou a Embraer em declaração por e-mail. Jás porta-vozes do Departamento de Justiça e da SEC não quiseram se pronunciar.
Os funcionários da Embraer foram acusados de lavagem de dinheiro e de corrupção em transações internacionais, infração que pode levá-los a oito anos de prisão. O Ministério Público afirmou que executivos de vendas da companhia pagaram suborno de 3,5 milhões de dólares para o coronel aposentado da força aérea dominicana, Carlos Piccini Nunez, em troca de oito aeronaves Super Tucano.
Nunez teria influenciado autoridades para aprovar o negócio por meio de um acordo de financiamento entre a República Dominicana e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Emails indicam que executivos da Embraer tentaram encaminhar o dinheiro para três empresas de fachada indicadas por Piccini. Mas o departamento de supervisão da companhia impediu a transferência completa em 2009, obrigando-os a elaborar um novo plano.
O Ministério Público alega ainda que “todas as evidências indicam” que parte do suborno destinava-se a um senador dominicano, cujo nome não foi revelado.
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Acusados – Estariam envolvidos no pagamento da propina o vice-presidente de vendas da Embraer Eduardo Munhos de Campos, o também vice-presidente Orlando José Ferreira Neto, os diretores Acir Luiz de Almeida Padilha Júnior, Luiz Eduardo Zorzegon Fumagalli e Ricardo Marcelo Bester, e os gerentes Albert Phillip Close, Luiz Alberto Lage da Fonseca e Eduardo Augusto Fernandes Fagundes. A companhia não informou se os executivos continuam empregados.