Efeito BCE passa e mercado europeu afunda
Levantamento feito pelo jornal 'Financial Times' mostra que todos os principais mercados europeus fecharam março no vermelho, com exceção da Suíça
Se uma onda de certo otimismo prevalecia no início de março, após a aprovação do novo pacote grego, a recuperação do mercado de trabalho americano e a injeção de mais de 1 trilhão de euros nos bancos da zona do euro, feita pelo Banco Central Europeu (BCE), os investidores agora voltaram a hesitar. Segundo um levantamento feito pelo jornal Financial Times, todos os principais mercados europeus fecharam março no vermelho, com exceção da Suíça. O índice pan-europeu Stoxx Europe 600, que considera as principais ações do continente, acumulou queda de 3,8%. “Não parece que o dinheiro do BCE resolveu muita coisa”, afirmou ao FT o chefe da área de investimentos do Citi Private Bank, Richard Cookson.
No lugar da Grécia – que continua em situação preocupante e enfrenta revoltas populares contra medidas de austeridade – a Espanha agora se tornou o centro das atenções, mesmo após a aprovação de cortes de 27 bilhões de euros. “Veremos o impacto desse pacote logo, e não será bonito. Pode, inclusive, ser pior do que esperamos”, afirmo ao jornal o gestor Sam Morse, da Fidelity.
Diante do cenário de desesperança, com o desemprego na zona do euro atingindo máximas históricas, a Alemanha é o único local menos nebuloso na vizinhança. Enquanto os indicadores das bolsas da Espanha e da Itália perderam mais de 10% no último mês, o Dax, da Bolsa de Frankfurt, mesmo com a queda em março, subiu 15% no acumulado de 2012. Ainda assim, na avaliação do FT, o horizonte não reserva bons ares nem mesmo para a Alemanha. O país, que é altamente exportador, depende da demanda proveniente da China – e esta, por sua vez, tende a desacelerar este ano. O governo chinês espera um crescimento de 7,5%, ante o avanço de 9,2% em 2011.
Contudo, o jornal ressalta que não se pode ligar totalmente o desempenho das bolsas ao crescimento dos países do continente. Segundo estimativas, 53% dos ganhos das empresas europeias são provenientes do exterior – e, ainda que haja previsão de desaceleração econômica no mundo, o cenário fora da Europa está longe de ser caótico, sobretudo nos países emergentes, conclui o FT.