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Economia brasileira segue em processo recessivo, diz Banco Central

Em relatório divulgado nesta sexta-feira pela instituição, desempenho negativo da atividade é influenciado, em grande parte, pela crise de confiança dos agentes econômicos

Por Da Redação
19 fev 2016, 10h45

Um dia após divulgar que a atividade do país recuou 4,08% em 2015 na comparação com o ano anterior, o Banco Central admitiu nesta sexta-feira de forma clara que a economia brasileira segue em processo recessivo. No boletim regional divulgado pela instituição, esse desempenho negativo da atividade é influenciado, em grande parte, pela crise de confiança dos agentes econômicos.

Os desdobramentos desse cenário, segundo o BC, exercem efeitos negativos sobre os gastos com investimentos e consumo. Já estes gastos, continua a autoridade monetária, são influenciados também pelo menor dinamismo no mercado de crédito e pela deterioração da renda real. Esses desdobramentos também são intensificados, conforme o boletim regional, pelos impactos do processo de ajuste macroeconômico que está em curso. Para o BC, no entanto, esse ajuste é “essencial” para a consolidação de fundamentos que favoreçam a convergência da inflação para a meta em 2017.

Vale destacar que o BC não cita o termo “este ano” em seu documento. Conforme declarações dadas ontem pelo presidente da instituição, Alexandre Tombini, a instituição segue seu objetivo de levar o IPCA de 2016 para um patamar que fique abaixo do teto da meta de 6,50%. Para o ano que vem, a banda superior de tolerância é menor, de 6%, mas o BC se diz confiante em levar a inflação ao centro da meta, de 4,50%.

No boletim de hoje, o BC também cita que os desdobramentos do cenário econômico atual são intensificados pelos reflexos de “eventos não econômicos recorrentes”. Essa expressão tem sido utilizada pela autoridade monetária para englobar as incertezas políticas e investigações de casos de corrupção, como as que ocorrem na Operação Lava Jato.

IBCR-N – O Banco Central divulgou na manhã desta sexta-feira o resultado acumulado no trimestre encerrado em novembro do índice de atividade das cinco regiões do país. Na quinta-feira, 18, a instituição informou que, em 2015, o Índice de Atividade do BC (IBC-Br) teve baixa de 4,08%. Segundo o boletim regional, de setembro a novembro, o IBC-Br caiu 1,8% na comparação com o trimestre encerrado em agosto. Todos os dados mencionados sobre os trimestres são dessazonalizados.

As regiões que tiveram pior resultado nesse período foram Norte e Nordeste. Em todas elas, no entanto, foi visto um movimento de baixa na comparação com o período anterior. Centro-Oeste e Sudeste ficaram na posição intermediária no período e a região Sul foi a que apresentou a menor deterioração de seu quadro econômico, segundo os cálculos feitos pelo BC.

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De acordo com o boletim regional, a atividade econômica no Norte foi impactada pelas trajetórias negativas da indústria de transformação, que recuou 7,5%, em cenário de redução da atividade no polo industrial de Manaus, e das vendas do comércio ampliado, que decresceram 3,1% no período. O documento cita que, nesse contexto, em que o mercado de trabalho registrou cortes de empregos formais, com impacto sobre a renda disponível dos consumidores, e os índices de confiança persistiram em declínio, o Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR-N) recuou 1,6% no trimestre encerrado em novembro em relação ao finalizado em agosto.

No caso da economia do Nordeste, o BC identificou um aprofundamento do processo recessivo na região. Essa piora, conforme o boletim, foi expresso em “retrações acentuadas” nas vendas do comércio ampliado (que decresceram 4,1% no trimestre encerrado em novembro em relação ao finalizado em agosto), com destaque para o desempenho negativo das vendas de material de construção – e na produção da indústria. “Nesse ambiente, em que o mercado de trabalho registrou perdas líquidas de postos, apesar da sazonalidade favorável a contratações, o IBCR-NE recuou 1,6% no período”, informou o BC.

No Centro-Oeste, o aprofundamento da desaceleração da atividade registrado no trimestre encerrado em novembro foi evidenciado pelas trajetórias de indicadores relacionados à indústria de transformação, à construção civil e ao comércio ampliado, segundo o BC. As vendas comerciais recuaram 5,2% no período, após retração de 3,1% no trimestre encerrado em agosto. “Essa dinâmica reflete, em grande parte, o impacto do patamar reduzido das expectativas dos agentes econômicos e a distensão do mercado de trabalho, expressa na retração do emprego formal e na redução da renda disponível dos trabalhadores”, considerou o BC no documento. Assim, o IBCR-CO diminuiu 1,3% em relação ao trimestre finalizado em agosto.

Sobre a retração da atividade econômica no Sudeste, o BC lembrou que se trata de uma trajetória que foi mantida nos últimos meses de 2015 e que essa dinâmica foi evidenciada pelo patamar reduzido dos indicadores de confiança de consumidores e empresários, pelas reduções contínuas das vendas do comércio ampliado e da produção industrial, e pela distensão do mercado de trabalho. O boletim regional ressalta que foram eliminados 244,9 mil empregos formais no trimestre encerrado em novembro ante corte de 11,2 mil em igual período de 2014. O IBCR-SE recuou 1,3% no trimestre mencionado, em relação ao finalizado em agosto, de acordo com dados dessazonalizados.

Já no Sul, a persistência do processo de retração do nível de atividade pode ser comprovada no período pela trajetória do comércio ampliado – as vendas de veículos automotores decresceram 6,7% no período, evolução consistente com o ambiente de redução da confiança e da renda real dos consumidores e de moderação das operações de crédito – e da atividade industrial. “Nesse cenário, em que o volume do setor de serviços passou a apresentar resultados negativos, o IBCR-S recuou 0,9% em relação ao terminado em agosto, quando decrescera 5,9%, nesse tipo de comparação, dados dessazonalizados”, comparou a autoridade monetária.

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Seguro-desemprego – As mudanças das regras do seguro-desemprego geraram um aumento da oferta de mão de obra, conforme estudo publicado pelo Banco Central. Intitulado “Efeitos das Mudanças das Regras do Seguro-desemprego”, o boxe que acompanha o Boletim Regional cita, porém, que o efeito dessa maior oferta de trabalho tem efeito relativamente pequeno sobre a taxa de desemprego. Por isso, de acordo com o documento, fatores como os reflexos do ajuste macroeconômico em curso no país concorrem para explicar o aumento da taxa de desemprego nos últimos meses.

As regras de concessão do benefício foram alteradas no início do ano passado e ficaram mais restritas. As mudanças no seguro-desemprego afetaram, principalmente, os trabalhadores com menos de um ano no emprego, e que tinham direito ao benefício em três parcelas. Desde março de 2015, não existe mais a possibilidade de acesso ao pagamento a trabalhadores com menos de um ano no emprego, restando apenas os beneficiários com mais tempo de serviço.

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(Com Estadão Conteúdo)

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