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E o mercado tirou o Brasil para dançar

Notícias ruins sobre a economia brasileira têm efeito paradoxal: atraem investidores, ao invés de espantá-los

Por Da Redação
28 mar 2014, 18h21

A semana que está se encerrando foi de notícias ruins na economia. Ela começou com o rebaixamento da nota do Brasil pela agência de avaliação de risco Standard & Poor’s e prosseguiu com a hipótese de uma CPI sobre a Petrobras ganhando contornos nítidos no Senado. Se a conjuntura é ruim, diz o senso comum, os indicadores econômicos caem. Ou não? Nesta semana, alguns índices da economia melhoraram. O real se valorizou em relação ao dólar e a bolsa de valores operou em alta, tendo as ações da Petrobras – justamente ela – como carro chefe. O que explica o movimento paradoxal?

Tanto a valorização do real quanto a alta da bolsa são, na verdade, condizentes com o rebaixamento da nota brasileira pela S&P. Países com nota ruim não podem abaixar os juros, porque precisam de incentivo extra para atrair dinheiro. Os investidores estrangeiros conhecem bem essa equação, e parecem ter despejado recursos no mercado local. Quanto mais esses investidores compram títulos em reais, mais dólares fluem para o Brasil e mais a moeda americana se desvaloriza. No pregão da quinta-feira, a cotação do dólar recuou quase 2%. Nesta sexta, a queda foi de 0,38%.

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Um raciocínio semelhante vale para a Bovespa. O giro financeiro diário da bolsa foi acima do normal na quinta-feira: 2,1 bilhões de dólares, acima da média de 1,7 bilhão de dólares vista ao longo do mês de março. Na sexta-feira, subiu para 2,8 bilhões de dólares. Dinheiro novo entrou no jogo – embora sejam grandes as probabilidades de que o perfil desses investimentos seja especulativo.

Quanto à Petrobras, os números foram realmente notáveis. Desde o dia 19, quando o turbilhão político em torno da petroleira teve início, depois de a presidente Dilma Rousseff afirmar que a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, foi aprovada pelo Conselho de Administração com base em um relatório “falho e impreciso”, suas ações preferenciais (sem direito a voto) se valorizaram 22%. Só nesta quinta-feira, a valorização foi de 8%. Tamanha oscilação representou um aumento da ordem de 30 bilhões de reais no valor de mercado da companhia – que agora está em cerca de 200 bilhões de reais.

Além da possível atuação de investidores de curto prazo, nove entre dez operadores do mercado deram outra explicação para a alta: a pesquisa CNI/Ibope publicada no início da manhã, mostrando que a aprovação do governo Dilma recuou de 43% em dezembro para 36% em março. A queda sugere que a reeleição da presidente não está garantida. Como a compra de ações é uma forma de os investidores, por assim dizer, “mandarem recados”, ficou clara a mensagem: o mercado quer que a ingerência do governo sobre a Petrobras cesse. Os anos do PT no governo federal têm mesmo sido crueis para a petroleira. A empresa, que em 2009 era a 12a. maior do mundo, hoje é apenas a 120a.

Talvez se possa comparar a Petrobras – ou mesmo o Brasil – à atriz Jennifer Lawrence no filme O Lado Bom da Vida, pelo qual ela ganhou o Oscar. Jennifer interpreta uma garota linda, mas que precisa tomar remédios pesados para segurar as pontas no dia a dia. No final, ela faz uma apresentação bizarra num concurso de dança. Na semana que passou, quem opera no mercado avaliou indicadores, fez cálculos e farejou oportunidades. Enxergou o lado bom da vida – e tirou o Brasil para dançar.

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