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É hora de comprar ações da Petrobras?

Analistas respondem se, após a desvalorização colossal que houve no valor de mercado da estatal, a empresa ainda é uma opção viável de investimento

Por Naiara Infante Bertão
11 jan 2015, 17h06

Com os preços rondando os 9 reais, as ações da Petrobras saltam aos olhos como uma opção de investimento, seguindo a lógica de que estão ‘baratas’ em relação ao que já chegaram a custar – mais de 40 reais em maio de 2008.

Analistas ouvidos pelo site de VEJA, contudo, ponderam que o barato pode sair bem caro. É difícil encontrar quem, ao analisar profundamente a situação econômica, política e financeira da empresa, recomende a compra dos papéis. A incerteza em relação ao tamanho da ferida que as denúncias de corrupção da Operação Lava Jato vai deixar na companhia faz com que muitos fiquem receosos em recomendar a compra. “Olhando o histórico da ação da Petrobras, parece que é uma boa oportunidade. Porém, a companhia tem uma série de problemas pela frente e desafios que podem fazer as ações caírem ainda mais”, afirma Flávio Conde, analista da Gradual Investimentos. Para ele, a chance de o papel cair mais é muito maior do que de subir e, por isso, ele não recomenda a compra.

Além disso, os dados sobre a empresa (finanças, atividades e estratégias) pararam de ser divulgados após a publicação do balanço do segundo trimestre. Ou seja, só há informações sobre a saúde financeira da empresa até junho. Com o estouro da Operação Lava Jato e as denúncias bilionárias de corrupção, a empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers (PwC) se recusou a assinar a revisão do balanço da estatal referente ao terceiro trimestre. Isso desencadeou uma falta de confiança generalizada em relação às finanças da empresa.

Investidores americanos já entraram na Justiça dos Estados Unidos pedindo indenizações por terem sido ‘enganados’ com números que não correspondiam à realidade, já que foram possivelmente inflados pelos contratos superfaturados. As ADRs (recibos de ações negociados na Bolsa de Valores de Nova York) da Petrobras nos Estados Unidos precisam seguir as regras de governança estabelecidas pela SEC, órgão que corresponde nos EUA à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A própria SEC está investigando as denúncias de corrupção na Petrobras desde outubro do ano passado. Ao contrário do Brasil, apurações desse tipo costumam ser rápidas nos EUA e são passíveis de multas bilionárias para a empresa condenada.

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Outra notícia que pode piorar ainda mais a situação para a Petrobras será a divulgação do balanço do terceiro trimestre sem o aval da PwC. Para o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido, isso pode até ajudar na negociação com os credores das dívidas da empresa, que não precisariam antecipar a cobrança dos débitos devido à falta de balanços recentes. Contudo, dificilmente a companhia conseguiria contrair novas dívidas, rolar as atuais ou captar recursos no mercado diante da falta de chancela da auditoria.

Há ainda o risco de agências de crédito rebaixarem a nota da petroleira, o que é um sinal importante de falta de confiança em sua capacidade de pagar as dívidas. “Os investimentos da estatal somam 20 bilhões de reais por trimestre (com a exploração do pré-sal), fora a encarecimento da dívida com a alta do dólar. Assim, o caixa da companhia deve terminar (ou seja, os recursos devem se esgotar) no final de abril ou início de março”, disse o estrategista, que também não recomenda a compra. Ele explica que a Petrobras tem hoje 312 bilhões de reais em dívida, sendo 70% atrelada ao dólar.

Conspira contra a oscilação no preço do petróleo nos mercados internacionais, que pode prejudicar a receita da companhia. “São muitos fatores negativos combinados, e qualquer indicação de solução desses problemas, embora possa gerar euforia momentânea nas ações, não possui mais credibilidade diante de tantas promessas seguidas frustradas”, resume Roberto Altenhofen, analista da Empiricus, citando a dificuldade da estatal em cumprir as metas de produção. Outro ponto importante é que, no mercado de ações, o fator emocional e psicológico é muito relevante. Se os investidores acham que o papel vai cair ainda mais, o efeito pode ser manada e as ações podem despencar.

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Leandro Martins, analista da Walpires Corretora e especialista em análise técnica, que estuda o comportamento das ações ao longo do tempo, também é enfático em dizer que essa não é a hora de investir na estatal. “Não há indicação de que seja um bom negócio. E para quem tem os papéis, eu recomendo vendê-los quando bater 8 reais por ação”, diz.

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Acionistas – Para aqueles investidores que compraram as ações há algum tempo, além da venda, os especialistas sugerem a minimização das perdas por meio de operações com derivativos. “Há uma infinidade de alternativas de ações descontadas (baratas) na bolsa. Se há ações de empresas boas baratas, por que escolher uma ruim?”, indaga Roberto Altenhofen.

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Segundo dados da Economatica, desde o início de setembro, quando a Operação Lava Jato estourou, o valor de mercado da Petrobras caiu 61%. Isso quer dizer que desde 2 de setembro até 8 de janeiro a empresa já perdeu 192,363 bilhões de reais. Hoje ela vale pouco mais de 118,5 bilhões de reais. Em junho de 2014, último dado público, seu patrimônio líquido somava 360,7 bilhões de reais. Contudo, os analistas acreditam que ele deve ser revisto para refletir melhor a realidade da companhia, sem os números inflados da corrupção. Nesta sexta-feira, as ações ordinárias da companhia fecharam a 9,33 reais e as preferenciais, a 9,45 reais.

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