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E-commerce de móveis cresce no Brasil e mira América Latina

Mobly aposta na variedade de produtos e eficiência logística para ganhar mercado num dos segmentos que mais cresce no comércio eletrônico

Por Antonio Neto
6 jul 2013, 10h00

Quando a Mobly estreou no e-commerce, em novembro de 2011, seu catálogo listava três mil produtos, de pratos e copos até sofás e mesas de jantar. A oferta de mercadorias não parou de crescer e, já no ano passado, garantiu um faturamento de 90 milhões de reais. Hoje, a loja virtual vende e entrega em todo o Brasil mais de 45.000 itens, distribuídos em 481 categorias e nove departamentos – móveis, infantil, utilidades domésticas, decoração, jardim e lazer, cama e banho, reforma, eletro e garagem. E, prestes a completar 18 meses, desbravar a América Latina já é o próximo passo.

O trio de fundadores da Mobly, formado pelos engenheiros Marcelo Marques, Mário Fernandes e Victor Noda, seguiu à risca a cartilha de novos empreendedores em tempos de internet. Com passagens por consultorias e grandes empresas – Fernandes chegou a trabalhar na área de logística e distribuição da Ambev -, eles cursaram MBA nos Estados Unidos, onde Marques e Noda se conheceram, e voltaram ao Brasil em 2010 dispostos a abrir o próprio negócio.

A escolha pelo setor de móveis e decoração teve como inspiração o site americano Wayfair.com e seu slogan “um zilhão de coisas para o lar”. “Percebemos essa oportunidade em lançar algo parecido por aqui, pois não havia concorrentes diretos. Ainda assim tivemos de convencer fornecedores e investidores de que o brasileiro estava disposto a comprar um sofá pela internet”, lembra Noda.

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Para Pedro Guasti, diretor da e-bit, que analisa dados sobre comércio eletrônico, o setor se abriu para competidores dispostos a focar sua atuação no maior número de categorias de um mesmo segmento. “Um e-commerce que atua na vertical leva mais informações ao consumidor e permite que ele consiga reunir numa única compra mercadorias que só encontraria em lojas diferentes”, explica o consultor. Para se ter ideia, mais de 7% das compras feitas pela internet em 2012 envolviam o segmento de móveis e decoração.

Mas o principal obstáculo que o trio encarou foi o desafio de fazer um produto chegar às mãos do cliente num país do tamanho do Brasil – e com desafios logísticos quase intransponíveis. “Temos estradas ruins e problemas de segurança, questões que podem travar uma operação”, avalia Claudio Felisoni, coordenador do Programa de Administração de Varejo da FIA.

Para equacionar essas variáveis, eles estruturaram um plano sólido, desenvolveram uma plataforma própria para gerenciar a operação logística e se apoiaram na contratação de profissionais com experiência de mercado. A expectativa de decolagem da Mobly se concretizou após um aporte de 20 milhões de reais dos fundos Rocket Internet, Kinnevik e JP Morgan.

Seguindo à risca o plano de negócios, a Mobly conseguiu superar as operações de e-commerce de nomes tradicionais no mercado de casa e decoração, como a Tokstok, que abriu sua primeira loja física em 1978, e a Etna, que estreou no setor em 2004. Atualmente, o catálogo virtual dessas empresas coloca à disposição dos clientes 12.000 e sete mil produtos, respectivamente. “Como nossa variedade é maior, conseguimos atrair desde o consumidor que compraria nas Casas Bahia até o público que vai ao shopping D&D”, afirma Noda. “Nossa variedade também estimula a recorrência das compras. Quem teve uma boa experiência acaba voltando para procurar outros objetos”, completa Fernandes.

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Não faltam sinais de que a trajetória da empresa está só no começo. Em abril, o Grupo Cisneros, que detém canais de televisão na Venezuela e passou a capitalizar negócios digitais, anunciou um novo aporte da Mobly. O investimento, de 10 milhões de dólares, poderá alcançar 20 milhões até o final de 2012, conforme os resultados alcançados.

O aporte pode ser considerado um ensaio ara levar a empresa a outros países da região. “Enxergamos o mercado latino-americano com muito carinho”, reconhece Noda. Mas consolidar a marca em território nacional ainda é um passo estratégico para os fundadores. “Enquanto houver mato alto para cortar, vamos ficar no Brasil. Queremos construir aqui nossa reputação, vender bastante e entregar tudo direitinho para quem mora no Acre antes de chegar ao Chile”, garante Marques.

Para a expansão internacional, será preciso instalar centros de distribuição em outras regiões do Brasil – hoje, a Mobly ocupa em Jundiaí, a 40 quilômetros de São Paulo, dois galpões que somam 10.000 metros quadrados. “Talvez um no Sul, um no Nordeste e outro entre o Triângulo Mineiro e o Distrito Federal. Já temos escala suficiente para justificar a presença nesses lugares. Estamos procurando municípios dispostos a conversar sobre incentivos fiscais, mas a burocracia no Brasil ainda dificulta as relações com o poder público”, admite Marques.

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Felisoni, da FIA, concorda que o desenvolvimento recente das regiões Norte e Nordeste terá cada vez mais reflexos positivos sobre a economia, mas pondera. “O mercado brasileiro é auspicioso para empresas de consumo, tanto no varejo quanto na indústria. A velocidade com que essa expansão deve acontecer é uma incógnita”.

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