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Dólar vai a R$ 1,53 ante temor com impasse da dívida

Declaração da Casa Branca de que a moratória seria inevitável caso o teto da dívida não suba até dia 2 trouxe nervosismo ao mercado; cotação da moeda americana caiu em todo o mundo

Por Da Redação
26 jul 2011, 17h08

Mercado avalia que são crescentes os riscos de calote e de rebaixamento por parte das agências de rating

Em relação a uma cesta com as principais moedas, o dólar mostrou uma queda de 0,78% nesta terça-feira, com mínima recorde ante o franco suíço

A cotação da moeda americana caiu em todo o mundo por causa das notícias nada animadoras no impasse sobre a dívida nos Estados Unidos. No Brasil, a atuação agressiva do Banco Central ajudou a limitar a queda do dólar ante o real nesta terça-feira, mas a moeda norte-americana permaneceu nos menores níveis em mais de doze anos. As principais bolsas de valores também viveram um dia de baixa.

O mercado continua de olho na disputa entre a Casa Branca e a oposição. O porta-voz do governo Barack Obama, Jay Carney, afirmou nesta terça-feira que o governo acredita que o Congresso agirá “de forma apropriada” para aprovar a elevação do teto, mas reconheceu que não tem mais margem de manobra para para rolar sua dívida a partir de 2 de agosto. Na prática, mandou um duro recado ao mercado de que a moratória seria inevitável caso o teto do endividamento do país não seja elevado até aquela data. A notícia trouxe nervosismo e a cotação do dólar caiu em todo o mundo.

Dólar – Um dos reflexos no Brasil foi a nova queda da moeda americana. O valor do dólar à vista fechou a 1,5388 real para venda, com queda de 0,35%. Na mínima do dia, a divisa chegou a ter declínio de cerca de 1%, para 1,5284 real. A taxa Ptax, usada como referência para contratos futuros e outros derivativos, fechou a 1,5345 real para venda, com um recuo de 0,67%.

Em resposta, o BC fez dois leilões de compra de dólares à vista e dois leilões de compra a termo. Com quatro intervenções, foi o dia mais intenso desde 1º de abril, quando a entidade fez três leilões à vista e um de swap cambial reverso. O BC ainda anunciou uma pesquisa de demanda para a possível realização de um leilão de swap reverso na quarta-feira, mas operadores consideram a hipótese de que a operação somente tenha a intenção de rolar cerca de 1,3 bilhão de dólares de contratos em vencimento em 1º de agosto.

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A intervenção da autoridade monetária “tirou o apetite do pessoal empolgado na venda”, disse o operador de câmbio de uma corretora em São Paulo, que preferiu não ser identificado. O operador de um banco nacional, no entanto, relativizou um pouco o papel do BC. “Não daria 100% de peso (na sustentação do dólar em 1,53 real) para o BC. Acho que caiu muito, e é natural nesse momento ter uma realização. O BC está atuando como um moderador. Mas mudar a tendência, ele não vai”, completou.

Em relação a uma cesta com as principais divisas, o dólar teve um recuo de 0,78% nesta terça-feira, com mínima recorde ante o franco suíço. A preocupação está relacionada à possibilidade de um calote dos Estados Unidos na próxima semana ou, mais provável, uma redução da nota da dívida do país.

Analistas afirmam que, embora um rebaixamento da nota dos EUA cause volatilidade num primeiro momento, o efeito posterior poderia ser de valorização ainda maior do real, acompanhando o mercado global de câmbio. O estrategista do banco BNP Paribas Diego Donadio afirmou, por exemplo, que um rebaixamento da nota da dívida americana pelas agências de rating seria “ruim” para o dólar, mas não necessariamente para os ativos de risco. Ele argumentou que a taxa de câmbio no Brasil pode descer até 1,50 real, embora com alguma dificuldade para ir abaixo do novo suporte de 1,53 real.

Temor nos mercados – Os mercados globais também tiveram mais um dia de baixa nesta terça-feira por conta da ansiedade com a questão da dívida norte-americana. No Brasil, a Bovespa fechou com queda de 1,05%, a 59.339 pontos.

O mercado norte-americano de ações fechou em queda, com o índice Dow Jones registrando seu terceiro pregão consecutivo de baixa. A possibilidade de um default da dívida do governo dos EUA e do rebaixamento de seu rating está fazendo crescer o nervosismo dos investidores, que venderam ações e dólar e compraram ativos como ouro e petróleo. Informes de resultados de empresas importantes também foram mal recebidos pelo mercado.

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O índice Dow Jones fechou com decréscimo de 91,50 pontos (0,73%), em 12.501,30 pontos. O Nasdaq cedeu 2,84 pontos (0,10%), em 2.839,96 pontos. O S&P-500 fechou em queda de 5,49 pontos (0,41%), em 1.331,94 pontos. O NYSE Composite fechou com um declínio de 25,90 pontos (0,31%), em 8.331,67 pontos. “Os traders de curto prazo estão apostando de um lado ou do outro, antes de um anúncio relativo ao teto de endividamento do governo. Quando não se anuncia um acordo, as pessoas retiram suas posições da mesa no fim do dia. Esse ambiente de volumes reduzidos e de volatilidade vai persistir até que tenhamos algum tipo de anúncio”, comentou o trader Ryan Larson, da RBC Global Asset Management.

“Brincando com fogo” – Para Natalie Trunow, da Calvert Investment Management, “conforme o relógio vai rodando, a probabilidade de um rebaixamento de rating se torna maior. Estamos brincando com fogo”. Comentando os duelos verbais e as propostas e contrapropostas apresentadas pelo presidente Barack Obama e o Partido Republicano sobre o teto da dívida e os déficits federais, o presidente da Addison Capital, Michael Church, observou que “o último musical de Washington é apenas uma distração. Eu não suspeito que exista qualquer chance de um default”.

Entre as componentes do índice Dow Jones, o destaque negativo foi 3M, com queda de 5,41%, em reação ao seu informe de resultados; as da General Electric caíram 2,11% e as da Boeing recuaram 1,61%. Entre as empresas que divulgaram resultados também estavam Netflix (-5,19%), UPS (-3,32%) e Ford (-1,75%).

Os preços dos títulos do Tesouro dos EUA subiram, com correspondente baixa nos juros. Participantes do mercado não deixaram de notar a ironia de a dívida americana – mesmo estando no foco das atenções por causa da ameaça de default e de rebaixamento de rating – ainda ser considerada um “refúgio seguro” para o capital. Para Sean Simko, gerente de carteira da SEI Fixed Income Portfolio Management, os investidores “estão preferindo adotar uma atitude de ‘copo meio cheio’, e não de ‘copo meio vazio'”. “É irônico, e não é o que eu esperava, mas é a realidade. Toda vez que o mercado parece querer romper para baixo os níveis recentes de preço, aparece uma boa demanda”, comentou o estrategista Justin Lederer, da Cantor Fitzgerald.

(com Reuters)

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