Dólar supera R$ 2,90 pela 1ª vez em dez anos, mas cai em seguida
Preocupações com acordo de Grécia e com desaceleração da economia brasileira influenciam cotação
Depois de superar 2,90 reais pela primeira vez em mais de dez anos, o dólar oscilava nesta segunda-feira, puxado para cima por preocupações com a Grécia e com a economia brasileira e para baixo pela ação de exportadores e operações de realização de lucros. Às 12h30, o dólar recuava 0,01%, para 2,8785 reais, depois de bater 2,9046 reais na máxima e 2,8715 reais na mínima da sessão. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de 90 milhão de dólares.
“Sempre que o dólar dá uma espichada como essa, é normal que haja alguns respiros no meio do caminho”, disse o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano. Os mercados financeiros globais têm sido pressionados por preocupações com a possibilidade de os desentendimentos entre a Grécia e seus parceiros europeus levarem à saída de Atenas da zona do euro, em mais um golpe à frágil recuperação econômica global.
Na sexta-feira, ministros das Finanças do bloco monetário chegaram a um acordo para estender o programa de resgate à Grécia por quatro meses. Mas o país ainda precisa apresentar uma lista de reformas nesta segunda-feira, que deve ser aprovada por seus credores para ratificar o compromisso. “A Grécia precisa correr para assegurar o acordo. Até lá, o clima vai continuar pesado”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. Com isso, o dólar ganhava espaço ante o euro, o iene e as principais moedas de países emergentes e ligadas a commodities.
Investidores também mostravam preocupação com a deterioração dos fundamentos macroeconômicos do Brasil e, consequentemente, diminuíam o ritmo de compras de ativos denominados em real. Economistas consultados para a pesquisa Focus do Banco Central reduzíram novamente suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, projetando contração de 0,50 por cento, ante 0,42 por cento na semana anterior.
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Estados Unidos – As atenções voltavam-se ainda para a política monetária norte-americana. Na semana passada, a ata da última reunião do Federal Reserve chegou a trazer alívio ao câmbio, sugerindo que o banco central dos Estados Unidos poderia não dar início ao aperto monetário em junho. Mas parte do mercado interpretou que o documento estava defasado por não refletir os mais recentes indicadores econômicos. Na terça-feira, a presidente do Fed, Janet Yellen, falará em um comitê do Senado. O pronunciamento deve trazer mais clareza sobre as perspectivas para o aumento de juros na maior economia do mundo, que poderia atrair para fora do Brasil recursos externos.
(Com agência Reuters)