Dólar encosta em R$ 3,30 após anúncio sobre redução da meta fiscal
Alta reflete a postura defensiva de agentes econômicos em relação ao corte drástico da meta de superávit primário de 1,1% para 0,15% do PIB
O dólar chegou a subir mais de 2% na manhã desta quinta-feira, negociado a 3,29 reais na venda por volta das 12h10. A valorização da moeda americana ante o real é vista como uma reação do mercado financeiro ao anúncio do governo federal de redução da meta fiscal e de um novo contingenciamento de gastos. O mercado teme que o país, depois de esperado rebaixamento pela Moody’s e pela Fitch, receba perspectiva negativa de alguma das agências. Com isso, ficaria na iminência de perder seu cobiçado grau de investimento.
“O que deve acontecer já no curto prazo é um rebaixamento pela Moody’s, com perspectiva negativa, mas sem a perda do grau de investimento”, escreveu o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik, em nota a clientes. A Moody’s deve manifestar-se sobre a nota brasileira em breve após visita ao país na semana passada.
A diminuição de 1,1% para 0,15% do PIB da meta do superávit primário gerou uma postura defensiva entre os agentes econômicos em meio ao cenário turvo em que o Brasil vive atualmente. Outro receio do mercado é que o corte drástico abra a possibilidade de o governo ter um déficit neste ano. As metas para 2016 e 2017, por sua vez, caíram para o equivalente a 0,7% e 1,3% do PIB, respectivamente. O objetivo anterior para cada um desses anos era de 2% do PIB, percentual que agora só deverá ser alcançado em 2018.
Operadores entenderam que a decisão representou uma derrota para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em seus esforços para reequilibrar as contas públicas brasileiras. “Se parecer que o Levy vai continuar perdendo as batalhas, o mercado vai começar a colocar no preço a possibilidade de ele sair do governo, e aí sim o dólar explode”, disse o operador de um importante banco internacional.
A valorização da moeda americana ocorre um dia depois de ela fechar valendo 3,22 reais, correspondendo à maior alta porcentual, de 1,65%, em quase dois meses. No mês de julho, o dólar já acumula alta de 3,76%. No ano, a valorização chega a 21,33%.
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(Com agência Reuters)