Dólar cai e fecha abaixo de R$ 3,90 pela primeira vez desde 2015
Percepção de que o Fed pode demorar para aumentar os juros nos EUA puxou a baixa da moeda, que recuou 0,61%, para 3,89 reais
O dólar recuou 0,61% nesta quinta-feira, a 3,89 reais, renovando a mínima de fechamento desde 29 de dezembro, quando ficou em 3,8769 reais. Na mínima da sessão, a moeda americana desceu a 3,84 reais. Foi a primeira vez que o dólar fechou abaixo de 3,90 reais desde 2015.
Turbulências nos mercados financeiros globais, dados fracos sobre a economia americana e declarações de autoridades do Federal Reserve vêm alimentando apostas de que o banco central americano pode demorar para aumentar os juros novamente. Essa percepção tende a favorecer mercados emergentes, que manteriam sua atratividade diante de juros ainda baixos na maior economia do mundo.
“Se todo esse ambiente financeiro difícil que vimos no começo do ano levar o Fed a adiar o aumento de juros, isso pode acabar sendo positivo para nós”, disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.
O real tem tido desempenho melhor do que outras moedas desde o início deste ano. Embora analistas sejam praticamente unânimes ao afirmar que o dólar deve voltar a subir em algum momento deste ano, alguns já começam a levantar a possibilidade de um alívio no curto prazo.
A Nomura Securities ressaltou, em relatório, que a correção das contas externas do Brasil tem sido forte desde o início do ano passado. “Não vemos isso como condição suficiente para garantir uma visão positiva para o real, mas acreditamos que esse ajuste das contas externas desempenha um papel que limita a depreciação daqui em diante”, escreveu o economista João Pedro Ribeiro. Ele projeta que o dólar deve terminar o ano a 4,20 reais.
Essa percepção não é unânime, porém, e alguns operadores nas mesas de câmbio suspeitam que o bom desempenho do real teria sido influenciado por grandes operações pontuais envolvendo títulos cambiais, possivelmente conduzidas por bancos públicos.
Nesta manhã, o Banco Central promoveu mais um leilão de rolagem dos swaps (modalidade de compra e venda futura de dólar) que vencem em março, vendendo a oferta total de 11,9 mil contratos. Ao todo, a autoridade monetária já rolou 2,32 bilhões de dólares, ou cerca de 23% do lote total, que equivale a 10,11 bilhões de dólares.
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(Com agência Reuters)