Dólar opera em queda após rejeição das contas pelo TCU
Apesar de a notícia aumentar as incertezas políticas, o mercado já esperava que o Tribunal de Contas da União recomendasse a rejeição das contas da presidente
A crise política pode ter se agravado, mas o mercado de câmbio ainda não refletiu essa tensão. O dólar chegou a abrir em alta nesta quinta-feira, mas logo virou e passou a operar em queda. Os investidores digerem hoje a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de rejeitar as contas da presidente Dilma Rousseff relativas ao ano passado, o que abre espaço para um eventual processo de impeachment. O mercado também aguarda a divulgação da ata do Federal Reserve (banco central americano) às 15h (no horário de Brasília). A perspectiva de que os juros dos Estados Unidos só devem subir em 2016 tem contido a valorização da divisa frente ao real.
Por volta das 11h40, o dólar recuava a 0,46%, sendo negociado a 3,85 reais. Na mínima do dia, alcançou 3,84 reais e, na máxima, 3,90 reais.
Apesar da notícia do TCU reforçar as incertezas políticas que vêm pressionando o câmbio nas últimas semanas, a rejeição das contas já era amplamente esperada pelos agentes de mercado. Eles também entendem que ainda há um caminho longo a ser percorrido para que o afastamento da presidente se torne uma realidade.
“(A decisão do TCU) não é o fim do mundo e o mercado está mais tranquilo nos últimos dias. Acredito que o dólar deve permanecer abaixo de 4 reais por mais algum tempo”, explicou a operadora de uma corretora nacional, que só aceitou falar sob condição de anonimato.
O parecer do tribunal ainda precisa ser enviado ao Congresso Nacional, o único que tem competência para aprovar ou não as contas do Executivo. A rejeição das contas pelo Legislativo pode dar força a um processo de impeachment contra a presidente por crime de responsabilidade fiscal.
No cenário externo, os investidores reagem ao recuo maior do que o esperado dos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos na semana passada, para 263.000, sendo que a expectativa era de 273.000. Como resultado disso, o dólar ganhou força ante o iene e o euro.
“Investidores insistem na busca por indicações mais firmes de quando a instituição iniciará o seu ciclo de aumento de juros”, comentou o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa.
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(Com agências)