Dólar abre em queda com ação conjunta de BC e Tesouro
Moeda abriu cotada a R$ 2,40 e chegou a cair para R$ 2,38 à espera dos leilões
O Banco Central e o Tesouro Nacional voltam a atuar em conjunto e com artilharia pesada nesta terça-feira, pelo segundo dia seguido, para tentar segurar o câmbio e os juros futuros. Pelo menos na abertura dos negócios, a previsão desses leilões ajuda a dissipar a pressão nesses dois mercados. O dólar à vista no balcão abriu nesta terça-feira em queda, cotado a 2,40 reais (-0,58%). Às 10h15, a moeda era cotada a 2,3977, mas chegou a atingir 2,3873 reais, na mínima.
A ação paralela das autoridades já foi anunciada previamente e pretende amenizar o nervosismo que ameaça dominar os negócios domésticos nesta terça-feira, por causa do clima tenso no exterior nesta véspera de divulgação da ata da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
A expectativa entre os agentes financeiros é de que o documento do Fed apresente na quarta-feira novas pistas sobre o momento do início da redução dos estímulos à economia dos Estados Unidos.
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No esforço interno para aplacar os ânimos dos investidores, o BC faz pela manhã dois leilões de venda conjugada com compra de dólares no valor total de até 4 bilhões de dólares e também realizará um leilão de até 20 mil contratos de swap (1 bilhão de dólares). Além disso, o Tesouro faz leilão extraordinário de recompra de até 4 milhões de reais de dois tipos de títulos prefixados. Com a recompra desses papéis, o Tesouro repassa liquidez ao mercado a fim de aliviar a pressão sobre as taxas futuras de juros.
O estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, disse que as ações programadas do BC e do Tesouro tendem a amenizar o movimento do câmbio e dos juros futuros nesta terça-feira. Contudo, as intervenções podem ser insuficientes para reverter a tendência mundial de valorização do dólar, afirmou o estrategista.
Alerta – O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, fez um alerta na segunda-feira sobre os riscos dos investidores concentrarem suas apostas na alta do dólar, uma vez que a cotação pode virar, impondo perdas a quem agiu de forma “unidirecional”. O chefe do Comitê de Política Monetária (Copom) também identificou que “os movimentos recentemente observados nas taxas de juros de mercado incorporam prêmios excessivos”. As taxas de juros no mercado futuro, que tentam antecipar o comportamento do BC, estariam altas demais.
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Ao mesmo tempo, a autoridade monetária confirmou que não deixará o mercado sem proteção, ou “hedge” no jargão financeiro, como vem fazendo nos últimos meses. Em nota, Tombini disse ainda que, “se necessário”, o Banco Central poderá oferecer “liquidez aos diversos segmentos do mercado”, mas não mencionou diretamente o eventual uso das reservas internacionais, que ontem somavam 373,95 bilhões de dólares. Diante do impacto do dólar na inflação, Tombini apontou que “a adequada condução da política monetária contribui para mitigar riscos para a inflação, a exemplo dos oriundos da depreciação cambial”. “Em relação à taxa de câmbio, o presidente reitera que o BC está atento ao processo de realinhamento global das moedas”, assinalou Tombini.
Inflação – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o patamar atual de câmbio pode ter impacto sobre a inflação. Segundo ele, a realidade mudou a partir de maio, com o Fed ameaçando retirar estímulos. Mantega disse que parte da volatilidade cambial é influenciada pela sucessão no Federal Reserve. Mas, segundo o ministro, o Tesouro está agindo para mitigar excessos, com leilões. “O governo não tolera inflação acima da meta”, afirmou. Nesse sentido, Mantega garantiu que a posição do governo é de continuar reforçando a parte fiscal e caminhar para um resultado fiscal sólido.
(com Estadão Conteúdo)