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Dívida tira nova classe média de aviões

Segundo fonte do governo, não há mais renda disponível para pagar caro em passagens. Desempenho econômico fraco também é explicação

Por Da Redação
5 ago 2013, 08h30

O ritmo lento da atividade econômica brasileira mais frágil é apontado por analistas como o principal fator para a queda no número de passageiros nos aeroportos no primeiro semestre, tanto a turismo como a negócios. O nível recorde de endividamento das famílias também comprometeu a renda destinada a produtos e serviços que não são considerados essenciais.

“As pessoas pensam: ou vejo meus parentes de avião ou troco a geladeira. Não há mais renda disponível para as duas coisas”, diz uma fonte do governo que prefere o anonimato. Segundo ela, a classe média teve o “gostinho” de voar pela primeira vez, mas sentiu o baque do aumento dos reajustes dos preços das passagens feitos pelas companhias para compensar os altos custos do setor com o encarecimento do dólar.

Adalberto Febeliano, da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), explica que a expansão do setor aéreo deriva de outras atividades econômicas. Em média, o faturamento das companhias aéreas cresce o dobro do Produto Interno Bruto (PIB). Há exceções, como no ano passado, quando a economia expandiu quase 1% e as companhias aéreas tiveram crescimento de 6%. “Com o desempenho atual da economia, é de se esperar que o transporte aéreo não cresça quase nada”, afirma.

Grandes eventos – O consultor técnico da associação ainda disse que eventos como a Copa das Confederações, em junho, acabam tendo um impacto negativo, pois o efeito líquido total é de queda de passageiros como consequência do recuo do turismo de negócios. Ele acredita que o desempenho das companhias no restante deste ano depende do nível da economia como um todo no segundo semestre. As empresas, diz Febeliano, estão trabalhando para “enxugar” ao máximo os custos e equalizar os choques.

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Para o economista Felipe Souza, que analisa o setor pela consultoria Lafis, a margem de lucro das empresas ficou estreita depois da redução agressiva das passagens para atrair a classe média. “Como as empresas não conseguem subir o preço das passagens da forma como gostariam, para não perder mais clientes, tentam, de toda a forma, reduzir os custos operacionais”, avalia. Segundo ele, há uma adaptação, exigida pelo momento econômico atual, que ainda não impactou planos de longo prazo, como compra de novas aeronaves.

Novos tempos – Entre as medidas de reestruturação das empresas, a TAM anunciou na semana passada que dará licença a mais de 800 pilotos e comissários de bordo. Outra mudança se deu na prestação de serviços durante os voos. Os brasileiros começaram a perceber que quando compram uma passagem estão fazendo um contrato com a empresa apenas para ir de um lugar a outro. Todos os outros tipos de serviços, antes em uma espécie de combo, agora são cobrados à parte, incluindo alimentação, escolha de assentos e excesso de bagagem.

A CVC, maior agência de viagem do País, diz se preparar para qualquer tipo de elevação de preços, pois o encarecimento das passagens costuma atrapalhar os planos dos turistas. A operadora, que conta com mais de 8 mil agências espalhadas pelo Brasil, começará a fazer roteiros rodoviários partindo do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte. Hoje, os roteiros terrestres se restringem ao eixo São Paulo-Capital para o interior.

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Para o Rock in Rio, em setembro, a operadora prepara uma operação de viagens “bate-volta”, partindo de 14 cidades de São Paulo, Bahia e Paraná para o Rio. Em todos os casos, o cliente vai poder escolher se quer ir de ônibus ou de avião.

Economia – A assistente social Roseane de Moraes viajou de Curitiba a Brasília de avião, mas esperava o ônibus para Seabra (BA) para, em seguida, partir para Lençóis (BA). Em vez de uma hora de voo, demoraria 14 horas na estrada.

O esforço é compensado pela economia de 863 reais, diferença entre as passagens de ônibus e avião. Para voltar, Roseane vai de ônibus de Lençóis para Salvador, de onde voa até São Paulo, para depois finalizar o percurso de ônibus até Curitiba. O dinheiro economizado servirá para custear a hospedagem, a alimentação e os passeios dos dez dias em que vai ficar de férias na Chapada Diamantina.

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(Com Estadão Conteúdo)

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