Dívida de empresas brasileiras em dólar ameaça estabilidade financeira, diz FMI
Diretora gerente da entidade, Christine Lagarde, sugere que Brasil implemente reformas no mercado de trabalho para estimular a competitividade
A diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirma que fatores como o endividamento de empresas brasileiras em dólar e a queda de receitas com exportações de commodities criam riscos para a estabilidade financeira do país. A avaliação consta da agenda de política econômica da dirigente divulgada nesta quinta-feira.
Lagarde recomenda que o Brasil implemente reformas na educação e no mercado de trabalho para estimular a competitividade e aumentar a produtividade. A diretora-gerente do FMI ainda menciona o fraco crescimento do país, que está abaixo da expectativa, e também cita a Rússia.
Os dois mercados, aliás, devem ter o pior desempenho entre os principais países emergentes em 2015, com a economia brasileira contraindo 1% e a russa encolhendo 3,8%, ante expansão de 3,5% prevista para o Produto Interno Bruto (PIB) global. “O crescimento global continua a ser desigual e as perspectivas de um novo desempenho medíocre persistem”, afirma Lagarde.
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Perigos – Os riscos para a economia mundial persistem, segundo Lagarde. O petróleo, por um lado, pode representar um estímulo para o crescimento maior que o esperado. Por outro, há a preocupação de que os preços voltem a subir rápido, criando mais instabilidades.
A dirigente cita ainda o risco de que uma valorização duradoura do dólar leve a uma recuperação desequilibrada da economia global. “Os países emergentes estão mais expostos a uma apreciação acentuada do dólar e correm o risco de uma reversão dos fluxos de capital.”
A diretora do FMI ressalta ainda que a volatilidade aumentou nos últimos meses no mercado financeiro internacional. Eventuais surpresas no processo de normalização da política monetária dos EUA podem desencadear turbulência no mercado financeiro, ressalta Lagarde.
Reformas – Lagarde faz algumas recomendações para os governos dos países membros do FMI. Uma delas é que a política monetária flexível seja mantida em alguns países, como os da zona do euro, além de uma política fiscal favorável ao crescimento. A dirigente reforça ainda a necessidade de reformas estruturais e mais investimento em infraestrutura em diversos países. “Resolver problemas estruturais precisa se tornar uma prioridade muito mais alta”.
(Com Estadão Conteúdo)