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Dilma tem de vir a público pedir economia de energia, diz especialista

Para Adriano Pires, do CBIE, corte de energia de segunda-feira mostra que Brasil enfrenta um racionamento forçado

Por Luís Lima 20 jan 2015, 14h47

Para evitar um colapso sistêmico, a presidente Dilma Rousseff (PT) deveria pedir, em rede nacional, que a população economize energia. A sugestão é do especialista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), que lembra que a Dilma veio a público, em janeiro de 2013, para anunciar a redução das tarifas de energia elétrica. “Naquele ano, Dilma anunciou a diminuição do preço da energia. Ela incentivou o consumo, que disparou nas residências e criou um buraco terrível que teve que ser socorrido por bancos e pelo Tesouro”, disse Pires.

Ao site de VEJA, ele afirmou o corte de energia de segunda-feira, que atingiu diversas cidades em dez Estados brasileiros e no Distrito Federal, entre 14h55 e 15h45, é a prova de que o país vive um racionamento forçado. “E isso não se justifica só pelo que ocorreu nesta segunda-feira. Ocorre desde o momento em que se estima um aumento de 40% nas tarifas, o que aponta o desejo do governo de, via preço, reduzir a demanda de energia”, explica. Segundo Pires, o governo não tem “modéstia e humildade” para assumir o problema, ao comparar com o apagão energético de 2001, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

“O corte de energia é reflexo da falta de planejamento do governo, que privilegiou, nos últimos quatro anos, o populismo tarifário”, diz o especialista. Entre entraves enfrentados por empresas do setor, ele cita o atraso em obras de geração e transmissão pela dificuldade de licenciamento ambiental; taxas de retorno em projetos abaixo do que o mercado exige e a crise hídrica. “Mas não dá para culpar só o clima. Isso porque, se o governo não tivesse reduzido tarifa na marra, se tivesse criado programas de eficiência energética e não tivesse permitido atrasos tão grandes em obras de geração e transmissão, este cenário não estaria acontecendo”, reforçou.

Apagão
Apagão (VEJA)

O diretor-executivo da Safira Energia, Mikio Kawai Jr., afirmou que o apagão de segunda-feira é um sintoma claro de que o risco de racionamento de energia aumentou. “Corremos o risco de ter mais cortes de energia. A temperatura ainda está muito alta e isso deve permanecer nos próximos dias”, disse. “Enquanto a temperatura não arrefecer, a probabilidade que isso se repita é grande”, acrescentou. Altas temperaturas motivam o maior consumo de eletricidade, diante do uso de equipamentos de refrigeração

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Na contramão, representantes do governo adotam um discurso bem mais otimista. O ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Pepe Vargas, assegurou, nesta terça-feira, que “não há risco de apagão” no país e que a interrupção ocorrida na segunda-feira foi causada por “falhas técnicas”, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). De acordo com o ministro, a presidente Dilma cobrou explicações dos motivos da falha técnica e, mais do que isso, medidas para que isso não volte a ocorrer.

Apesar de o ministro falar em “falhas técnicas” que teriam levado ao apagão, as informações sobre as causas do problema foram divergentes. O ONS disse que uma das causas do problema foi pico de consumo. Mas o ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB-AM), informou que o problema ocorreu por falha em uma linha de transmissão de Furnas.

Nesta manhã, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que uma queda na frequência do sistema elétrico desarmou as usinas e que o ONS imediatamente mandou as distribuidoras cortarem a carga para restabelecer a frequência. “Eles (ONS) atuaram preventivamente preocupados com o consumo na faixa de 88.000 megawatts médios, um recorde de consumo”, afirmou o diretor da agência, Reive Barros. “Então, foi programada uma redução na faixa de 5% na carga para ter controle sobre o sistema”, completou.

(Com Estadão Conteúdo)

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