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Às vésperas da campanha, Dilma reedita ‘o petróleo é nosso’

Petrobras arma evento para comemorar marca de 500.000 barris/dia na camada do pré-sal. Produção de maio, no entanto, está estagnada em patamar 5,6% inferior ao de janeiro de 2011, no começo do governo Dilma

Por Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
1 jul 2014, 17h19

A presidente Dilma Rousseff tentou reeditar nesta terça-feira a campanha “o petróleo é nosso”, que resultou na criação da Petrobras e no monopólio estatal da produção. Na semana final permitida pela legislação eleitoral para inauguração de obras públicas, a estatal organizou um evento para Dilma comemorar a marca de 500.000 barris diários produzidos na camada do pré-sal. Ao fundo do palco para discursos, um painel comemorativo trazia a “digital” petista: uma singela estrelinha vermelha ressaltava o pico no gráfico que indica a marca de 520.000 barris/dia alcançada em 24 de junho.

“Agora, sem dúvida nenhuma, o petróleo do pré-sal é nosso, e para que chegássemos a todos esses grandes momentos da nossa história, foi preciso lutar muito para fortalecer a Petrobras, defender os interesses do país e reafirmar a soberania deste país sobre as suas riquezas. A campanha de ‘O petróleo é nosso’ teve adversários poderosos, adversários que sempre aparecem nessas horas, exatamente a mesma espécie de adversário da adoção do regime de partilha na exploração do pré-sal”, afirmou Dilma em discurso.

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O recorde, no entanto, não foi comemorado no mercado financeiro, porque, no fim das contas, a produção de petróleo da estatal continua estagnada. Em maio deste ano, atingiu 2,096 milhões de barris por dia, patamar que é 5,6% inferior ao de janeiro de 2011, no começo do governo Dilma. No total da produção de petróleo e gás natural, a empresa produziu 2,605 milhões de barris de óleo equivalente em maio, ou 2,1% a menos do que em janeiro de 2011. Ou seja, a atividade produtiva nos novos campos do pré-sal mal compensou a queda na produtividade de áreas antigas, especialmente na Bacia de Campos. A marca foi comemorada pela empresa sob o argumento de que, em oito anos, o pré-sal atingiu um volume que levou 31 anos para a empresa alcançar, da criação em 1953 a 1984.

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Com a estatal mergulhada numa crise que inclui a investigação de altos executivos, da compra da refinaria de Pasadena e dos custos da unidade de Abreu e Lima, Dilma disse que “não vai adiantar questionar a seriedade do seu corpo técnico”. Os crimes identificados na operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que resultaram na prisão do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e na descoberta de 23 milhões de dólares escondidos na Suíça, têm sido sucessivamente citados pelos adversários de Dilma na corrida presidencial, o senador Aécio Neves (PSDB) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB). “Enfraquecer a empresa, colocar a seriedade do seu corpo técnico em questão é algo que não vai adiantar, não vai torná-la vulnerável, não vai torná-la menos capaz de explorar todo o potencial do pré-sal. Hoje, a Petrobras prova isso concretamente, com números”, defendeu Dilma, em cujo governo as ações da Petrobras sofreram uma retumbante desvalorização de 45,43%.

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O último motivo de desconfiança no mercado financeiro foi a entrega, sem licitação, para a estatal de quatro campos do pré-sal (Búzios, Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi), com volume estimado de 10 a 15 bilhões de barris petróleo. Isso foi feito pela contratação direta da Petrobras, em regime de partilha, prevista no marco regulatório do pré-sal. A estatal terá de pagar 15 bilhões de reais aos cofres da União. Mas, com a empresa já excessivamente endividada na visão de analistas, a medida foi criticada no mercado por ter sido considerada um subterfúgio para melhorar o superávit primário (economia feita pelo governo para pagar dívidas). Os campos eram excedentes da chamada cessão onerosa, de 5 bilhões de barris, concedida em junho de 2010. “Com eles, nós chegamos a um valor, se a gente considerar o limite superior, de 20 bilhões de barris equivalentes de petróleo. Dificilmente é possível supor que isso não seja uma riqueza inigualável para um país e uma empresa de petróleo”, afirmou a presidente.

Para ilustrar o retorno financeiro ao governo da exploração de campos e enaltecer o regime de partilha utilizado para áreas do pré-sal, Dilma mencionou uma estimativa de arrecadação de 1,3 trilhão de reais, em 35 anos, em compensações pela exploração das áreas (Libra, Búzios, Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi). Não foi divulgado como as cifras foram projetadas. “Estamos falando pelo menos de 1 trilhão e 300 bilhões de reais destinados à educação e à saúde ao longo dos próximos 35 anos”, explicou Dilma.

Apesar da desconfiança do mercado, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse na cerimônia que os custos de exploração desses 20 bilhões de barris do pré-sal não terão “impacto material” nas finanças da empresa de 2014 a 2018. Ela disse que não há necessidade de emissão de novas ações da estatal, o que permitiria capitalizar a empresa com recursos novos ao custo de diminuir o valor de papéis detidos por investidores.

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