Dia do Trabalho é marcado por protestos na Europa
Grécia vive segunda greve geral do ano. Na Espanha, manifestantes protestam contra medidas de austeridade e o número recorde de desempregados
O 1º de Maio na Europa é marcado por protestos contra medidas de austeridade. Nesta quarta-feira, Dia do Trabalho, uma greve geral afeta a circulação de trens e balsas na Grécia – além disso, funcionários dos hospitais cruzaram os braços em manifestação contra os cortes promovidos pelo governo. Na Espanha, país em que o número de desempregados ultrapassa seis milhões de pessoas, os dois maiores sindicatos, CCOO e UGT, convocaram mais de oitenta cidades para protestos contra os fortes cortes de gastos do governo.
Em uma coluna no jornal financeiro El Economista, o secretário-geral do CCOO, Ignacio Fernandez Toxo, criticou a “enorme irresponsabilidade” do governo de permitir que o desemprego alcançasse tal nível. Cándido Méndez, chefe do UGT, afirmou que ter mais de 6 milhões de pessoas desempregadas significa que “nunca houve um 1º de Maio com mais motivos para ir às ruas”. Segundo o jornal El Pais, manifestações reúnem mais de 50.000 pessoas em Madri, outras 180.000 na Catalunha e 90.000 na Comunidade de Valência.
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Grécia – A convocação feita desta vez pelos principais sindicatos aproveita o fato de feriado do Dia do Trabalho ter sido transferido para a próxima semana para coincidir com a Páscoa ortodoxa – e o país ganhar um dia útil. Às 11 horas locais (5 horas em Brasília) começou uma manifestação na Praça de Klathmonos, no centro de Atenas, convocada pelos dois sindicatos majoritários, o Adedy, do setor público, e o GSEE, do privado. Quase 13 mil, segundo a polícia do país, protestaram em Atenas e Salônica, no momento em que o país passa por drásticos cortes dos salários e pensões, além de viver o sexto ano consecutivo de recessão.
Os transportes públicos estão tendo várias interrupções, mas não acontece uma paralisação total no trânsito, já que os ônibus vão funcionar entre 9 horas e 21 horas, somando-se à greve apenas após esse período. Desta forma, o sindicato do setor pretende facilitar a participação popular nas manifestações.
O metrô, o trem e os trólebus, por outro lado, farão o contrário para complementar a oferta de transporte e permanecerão fora de operação até as 21 horas. Todo o transporte marítimo está paralisado desde a meia-noite e as embarcações seguirão amarradas no porto até quinta-feira. O tráfego aéreo, por outro lado, não aderiu à greve e funciona normalmente. “Nossa mensagem hoje é muito clara: chega dessas políticas que machucam as pessoas e tornam os pobres mais pobres”, disse Ilias Iliopoulos, secretário-geral do sindicato do setor público Adedy.
Mais gritos – Na França, onde aumenta a impaciência com o aumento do desemprego um ano depois da chegada ao poder de um governo de esquerda, as duas principais centrais sindicais, CGT e CFDT, que não concordam sobre a resposta à crise, também devem protestar de forma separada. Milhares de militantes da Frente Nacional, partido de ultradireita liderado por Marine Le Pen, pediram a renúncia do presidente François Hollande aos gritos de “França para os franceses”.
Manifestantes também saíram às ruas na Itália e na Polônia. Em Portugal, um dos países que recebeu ajuda financeira internacional condicionada a um plano de austeridade, os dois principais sindicatos convocaram protestos em Lisboa.
Paralelamente, na Turquia a situação já está quente. A polícia turca atirou água e gás lacrimogêneo para dispersar multidões que se reuniram em Istambul para uma manifestação. Gritos de “morte ao fascismo”, “longa vida ao 1º de Maio” foram ouvidos na cidade. As autoridades proibiram os protestos na Praça Taksim, lugar emblemático da cidade turca, alegando obras de reforma. Um esquema montado com 22 mil policiais foi mobilizado para fechar o acesso aos milhares de manifestantes. Dez pessoas ficaram feridas nos confrontos e 20 foram detidas.
(com agência Reuters, EFE e France-Presse)