Crise hídrica favorece mercado privado de saneamento
Empresas privadas aproveitam para vender sistemas de reúso de água e outras opções de abastecimento a indústrias e prefeituras
Em meio à crise hídrica em São Paulo, empresas privadas aproveitam para vender sistemas de reúso de água e outras opções de abastecimento a indústrias e prefeituras. Enquanto isso, concessionárias como a Sabesp estudam formas de garantir a entrega de água à população no Estado. Novos contratos podem aumentar a participação dos grupos privados no mercado de saneamento, hoje em quase 10% do total, segundo estimativas de mercado.
A água é um insumo importante para a indústria e, sem ela, muitas empresas podem ser forçadas a interromper a produção. “A água representa de 70% a 90% dos componentes usados para produzir cosméticos e produtos de limpeza”, explica o empresário Cássio Barros, presidente da Universal Chemical (Unichem), uma das fábricas terceirizadas que atende clientes como Unilever, L�Oréal e Reckitt Benckiser.
A Unichem aproveitou a construção de sua quarta fábrica em um complexo industrial em Sarapuí, no interior de São Paulo, para fazer uma estação de tratamento de efluentes integrada e um sistema de reúso de água – que não existia. A estação ficará pronta em março e recebeu investimento de 10 milhões de reais. O sistema de reúso permitirá que a Unichem economize 10 milhões de litros de água por ano, cerca de 15% do seu produto total. Essa água será utilizada na limpeza e nos sanitários da companhia.
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Outras empresas seguiram o exemplo. Em 2014, o número de unidades de tratamento de efluentes administradas pela Nova Opersan dentro das empresas saltou de 28 para 62. Segundo o presidente da companhia, Sergio Werneck Filho, a expansão é reflexo da crise hídrica, da maior conscientização dos empresários e de um incremento na oferta de serviços da companhia. “É difícil saber quantos desses projetos saíram do papel por causa da crise hídrica. Mas é fato que as empresas estão entendendo aos poucos que existem soluções que estão a seu alcance. Não é só rezar para chover”, disse Werneck.
O Grupo Águas do Brasil, maior entre as empresas privadas do setor, reforçou a equipe comercial e espera que o burburinho sobre a escassez de água em São Paulo abra oportunidades de novos contratos. “Estamos preparados para disputar novas parcerias público-privadas, projetos para empresas e contratos de concessão”, disse o diretor do grupo, Carlos Henrique da Cruz Lima. A previsão da Águas do Brasil é faturar 1,5 bilhão de reais este ano, acima dos 1,3 bilhão de reais de 2014.
(Com Estadão Conteúdo)