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Brasil pode perder US$ 2 bilhões com crise argentina

Segundo associação, país vizinho dificulta a entrada de produtos estrangeiros. Setor automotivo será um dos mais prejudicados

Por Da Redação
18 fev 2014, 09h50

A crise cambial na Argentina pode reduzir em quase 2 bilhões de dólares o saldo da balança comercial brasileira, afetado principalmente pelas exportações do setor de material de transporte, que incluem automóveis, caminhões e autopeças. A afirmação é uma projeção preliminar da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Nas contas do presidente da AEB, José Augusto de Castro, a Argentina deve cortar neste ano em 5 bilhões de dólares as suas importações de todos os países, sendo que o Brasil deve responder por 2 bilhões a 3 bilhões de dólares desse total. Com isso, o saldo da balança brasileira, inicialmente estimado ao redor de 7 bilhões de dólares, deve recuar para algo em torno de 5 bilhões de dólares.

Projeção semelhante é feita pelo departamento econômico do Bradesco. A estimativa é de redução de 3,9 bilhões de dólares nas vendas de produtos brasileiros ao país vizinho. No ano passado, as exportações brasileiras para a Argentina somaram 19,6 bilhões de dólares, alta de 9% em relação às vendas de 2012.

A balança comercial brasileira acumula em fevereiro déficit de 2,041 bilhões de dólares – as exportações somaram 7,214 bilhões de dólares e as importações, 9,255 bilhões de dólares. As exportações de manufaturados foram as que mais pesaram negativamente, ao cair 16,8%, por causa da queda nas vendas de automóveis, óxidos e hidróxidos de alumínio, autopeças, pneumáticos, bombas e compressores, calçados e motores e geradores elétricos.

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Argentina – Diante da escassez de dólares, não é de hoje que o governo argentino vem dificultando as importações. Um dos mecanismos usados tem sido a demora na liberação da Declaração Juramentada Antecipada de Importação (Djai), documento obrigatório às compras externas. Em setores como o de porcas e parafusos o atraso na liberação da Djai é superior a um ano, informa o diretor do Departamento de Relações Internacionais da Fiesp, Thomaz Zanotto.

Nas últimas semanas, mais um obstáculo foi imposto aos importadores. De acordo com Zanotto, o governo vinculou a liberação da Djai à obtenção de financiamentos às importações pelas próprias companhias argentinas no mercado internacional. Segundo ele, isso deve dificultar ainda mais as exportações brasileiras para a Argentina porque mesmo que o importador argentino tenha os pesos para quitar a compra, ele terá de obter um financiamento no mercado internacional para poder fechar o negócio e ter a Djai liberada.

O banco central argentino não fará a troca de pesos por dólares para efetivar importação. “O governo argentino está ganhando tempo até a entrada de divisas com a exportação da safra, que deve ocorrer nos próximos meses”, diz Zanotto.

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Um estudo encomendado pela Fiesp a uma consultoria argentina mostra que os setores da indústria brasileira mais afetados pela medida serão o automotivo, o metalúrgico (aço e alumínio), o pneumático e o eletrônico. Já os segmentos ligados a setores de saúde, infraestrutura, cultura e atividades essenciais estão fora dessa restrição.

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O setor automotivo, o país vizinho fica com cerca de 85% das exportações de veículos do Brasil. Porém, em dezembro, a Argentina anunciou que cortaria as importações do Brasil em 27%. Em 2013 foram exportados 475 mil veículos para a Argentina.

Só a General Motors deverá reduzir suas vendas ao país vizinho de 70 mil para 50 mil unidades este ano, informa o presidente da montadora na América do Sul, Jaime Ardila.

Com esse cenário, a Anfavea, associação que reúne as montadoras, prevê para 2014 que as exportações totais do setor cresçam apenas 1,6%, ante as 566 mil unidades de 2013. Na comparação com 2012, as vendas externas aumentaram 26,5%, justamente puxadas pelas importações argentinas.

(com Estadão Conteúdo)

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