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Criação do banco mostra evolução dos Brics, diz criador da sigla

Segundo o ex-vice-presidente do Goldman Sachs, decisões anunciadas na Cúpula, em Fortaleza, são positivas.

Por Ana Clara Costa
Atualizado em 18 mar 2021, 23h50 - Publicado em 20 jul 2014, 13h44

O economista britânico Jim O’Neill se aposentou de seu posto de vice-presidente da área de pesquisa do banco Goldman Sachs há pouco mais de um ano. Nesse intervalo, assistiu ao declínio econômico dos países que formam o acrônimo criado por ele: os Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China – e, mais recentemente, a África do Sul. Em 2001, foi O’Neill o autor de um estudo que cunhava por essa sigla os maiores países emergentes da década. Tornou-se, como ele mesmo diz, o ‘Mr. Bric’. No início desta semana, contudo, os líderes das cinco nações deram um passo adiante e, segundo O’Neill, deixaram de ser um mero acrônimo para se tornar um bloco político. “O fato de eles terem, após dois anos de conversas, finalmente concordado com a criação de um plano para um banco de desenvolvimento com sede em Xangai mostra que o grupo evoluiu e mudou de patamar”, disse o economista ao site de VEJA.

A criação do banco dos Brics ainda levará anos para se tornar real, já que precisa de aprovação dos congressos dos cinco países. A estimativa é que a engrenagem esteja pronta no final de 2016. Para O’Neill, que se mostrou decepcionado com as demoras nas reformas necessárias para o avanço dos Brics, a criação do banco melhora a imagem do bloco, que está perto do descrédito, perante a comunidade internacional. “Eles estão fazendo coisas de maneira combinada, sugerindo longevidade. É, sem dúvida, uma demonstração de força”, diz. Confira trechos da conversa:

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O banco dos Brics nasce ambicioso, em teoria. É possível fazê-lo competir com o Banco Mundial? Não acho que ele deva ser encarado como competidor. Claro que o seu surgimento se deve ao fato de as reformas no Banco Mundial e no FMI não terem sido rápidas o suficiente. Mas acho que o foco será, inicialmente, emprestar apenas para os Brics. Dito isso, se a criação dessa instituição resultar em progressos nas reformas dos organismos internacionais, aí sim poderemos encará-lo como uma concorrência de fato. E me parece que isso pode acontecer.

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Não seria mais eficiente se os Brics tivessem um papel mais importante nos organismos já existentes do que a criação de um novo banco? Certamente. É sempre melhor termos a governança global aprimorada. E o fato de o acordo do G20 em 2009, que muda a composição do FMI com base no peso das economias emergentes, não ter sido ratificado pelo congresso americano é um mau sinal. Ele mostra que não estamos dando a importância devida a países que estão ficando mais importantes para o mundo.

É possível dizer que os Brics evoluíram de um simples acrônimo para um bloco? O fato de, após dois anos de conversas, eles finalmente decidirem criar um plano detalhado para um banco de desenvolvimento, e que terá sede em Xangai, é um acontecimento muito positivo para eles e mostra como o grupo evoluiu a outro patamar, o de bloco político. Não são apenas um grupo de países sem qualquer objetivo comum. É uma evolução em todos os sentidos.

A criação do banco pode melhorar a imagem dos Brics, que está, de certa forma, arranhada pelo desempenho econômico frustrante? Acredito que sim, pois sugere que eles combinaram sua força para além da soma de seu PIB. E é uma iniciativa que sugere longevidade. Além disso, a China se mostra, a partir de agora, oficialmente comprometida com mais obrigações em relação a outros emergentes. E isso não deixa de ser um avanço.

Os Brics foram uma decepção? Não diria isso, de forma alguma. Acho, inclusive, muito bom que esse banco tenha sido anunciado como resultado de um acrônimo que eu criei. Me sinto orgulhoso.

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