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Perda do grau de investimento vai dificultar a vida das empresas

Encarecimento do crédito não é o único efeito negativo da perda do selo de bom pagador do país; Flavio Rocha, presidente da Riachuelo, vê “efeito psicológico devastador”

Por Luís Lima e Eduardo Gonçalves
12 set 2015, 09h35

O rebaixamento da nota de crédito do Brasil feito pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s na última quarta-feira tem entre seus desdobramentos mais imediatos o encarecimento dos empréstimos para empresas brasileiras que captam recursos no exterior. Empresários, altos executivos e dirigentes setoriais têm manifestado sua preocupação com esse quadro – e o encarecimento do crédito externo não é o único efeito colateral citado por eles.

Flavio Rocha é o presidente da Riachuelo, empresa com 40.000 funcionários e faturamento superior a 6 bilhões de reais. A Riachuelo é uma das três maiores redes de varejo de roupas do país, mas é também fabricante e financiadora de consumo. Isso dá a ela uma posição pouco usual – e, por isso mesmo, de relevo: a de conseguir enxergar o cenário econômico pelas lentes de quem fabrica, oferece crédito e vende. Com seu triplo ponto de vista, Rocha tem enxergado nuvens negras depois do rebaixamento da nota de crédito do país. “O efeito psicológico é devastador”, diz.

O primeiro efeito do rebaixamento a ser sentido na economia brasileira será a redução dos investimentos – que, com a retração do produto interno bruto (PIB) do país, já estão em queda. “Os investimentos vão cair. O dinheiro fica mais caro, e quem está endividado em dólar terá ainda mais problemas”, afirma. “A queda no investimento traz mais desemprego e deságua no consumo.”

Credibilidade afetada – O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan diz que a perda do grau de investimento aumentará as dificuldades da economia do país “ao afetar a credibilidade do investidor e dificultar o investimento”. “Tal fato torna ainda mais urgente a complementação do ajuste fiscal por meio do corte de gastos”, disse ele, por meio de nota.

Sobre a indústria automotiva especificamente, Moan, com passagens por Volkswagen e GM, tem preocupações sobre um possível aumento de impostos, uma das medidas aventadas pelo governo para elevar sua arrecadação e, assim, tentar reequilibrar as contas públicas. “A carga tributária já está em níveis insustentáveis, e qualquer aumento de imposto traria graves impactos, reduzindo a atividade”.

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José Velloso, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), afirma que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, criou um ambiente de “terrorismo” ao falar em alta de impostos sem ter um plano claro de como elevar a arrecadação do governo. “Além disso, o ministro não levou em conta a queda na arrecadação, que, em vez de crescer 4% este ano, terá queda”, diz.

O presidente da concessionária de rodovias Arteris, David Díaz, reconhece que o rebaixamento cria uma preocupação para todos no curto prazo – com impactos potenciais para as receitas de empresas e juros. A despeito do cenário criado com o corte da nota de crédito do Brasil, ele soa otimista. “O rating é importante, mas não é o fator único e decisivo. As empresas também olham para outros aspectos do país”, diz. “O Brasil tem matéria-prima, um grande mercado consumidor, cerca de 375 bilhões de dólares de reservas, o que lhe confere atratividade.” O executivo acredita que o momento pode ser atrativo para investimento em áreas como infraestrutura. “O Brasil está ‘barato'”, afirma.

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