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Copom decide manter Selic em 7,25% ao ano

Na primeira reunião de 2013, BC corresponde às expectativas do mercado e não modifica taxa de juros. Autoridade monetária deve mantê-la nesse patamar, ao menos, até o fim do primeiro trimestre do ano

Por Da Redação
16 jan 2013, 19h29

Em sua primeira reunião de 2013, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros (Selic) em 7,25% ao ano. Trata-se da segunda decisão consecutiva de manutenção da taxa neste patamar, considerado o mais baixo da série histórica do BC. O ciclo de cortes da Selic, iniciado em agosto de 2011, quando a taxa estava em 12,5% ao ano, teve sua última queda em outubro, quando foi anunciada diminuição dos juros de 7,5% para 7,25%.

Em comunicado que acompanhou a decisão, o BC reforçou a percepção de que esse patamar de juros veio para ficar, ainda que a inflação esteja alta – o IPCA fechou em 5,84% em 2012. “Considerando o balanço de riscos para a inflação, que apresentou piora no curto prazo, a recuperação da atividade doméstica, menos intensa do que o esperado, e a complexidade que ainda envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta”, diz o anúncio.

Votaram pela manutenção dos juros os seguintes membros do Comitê: Alexandre Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.

O resultado era amplamente esperado pelo mercado. O último Boletim Focus – levantamento feito pelo BC junto a economistas- aponta juros de 7,25% até o final de 2013. Ainda segundo o relatório, o governo só deve voltar a aumentar a Selic em meados de 2014. Tal expectativa, contudo, não é vista com otimismo por especialistas, que acreditam que os seguidos cortes na taxa de juros sejam agravantes para o cenário de inflação alta observado atualmente. “Provavelmente a mudança começará no inicio de 2014, justamente porque a inflação não cederá nem neste ano, nem no ano que vem. Há ainda a possibilidade de a inflação subir ainda mais devido aos efeitos do crescimento”, afirma o economista da MB Associados, Sérgio Vale.

Crescimento com inflação – A divulgação do IBC-Br na manhã desta quarta-feira, indicador considerado uma prévia do PIB, deu certo alívio ao mercado no que se refere ao crescimento. O índice mostrou expansão de 0,4% em novembro – maior do que o esperado pelo mercado. Segundo o BC, a alta foi acarretada pela aceleração do setor de serviços, já que a produção industrial e as vendas do varejo não ajudaram. Contudo, junto com o crescimento, há expectativa de mais inflação. “O IBC-Br mais forte que o projetado aumentou as apostas do mercado na alta dos preços”, diz o economista André Perfeito, da Gradual Investimentos.

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A política monetária do BC tem priorizado o crescimento do PIB em detrimento do controle inflacionário. Ao longo de todo o governo Dilma, houve excessiva leniência da equipe econômica para chancelar índices de inflação acima da meta ante a expectativa de ver a economia deslanchar. Em 2011, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou em alta de 6,5% – no teto da meta de inflação admitida pelo BC. À época, o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, garantiu que a convergência do índice para o centro da meta (de 4,5%) era questão de tempo. Mas esse tempo não veio. Em 2012, o IPCA cravou alta de 5,84%. Já o PIB cresceu míseros 2,7% em 2011 e deverá avançar algo em torno de 1% em 2012.

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Após a divulgação do IPCA de 2012, na última sexta-feira, Tombini admitiu a resistência da inflação em ceder. O discurso é um pouco distinto do que vinha sendo adotado nos últimos meses: o manjado mantra de que o índice estaria convergindo para o centro da meta. Contudo, a leve mudança de tom ainda não é indício forte o suficiente de que o BC esteja acordando para a realidade. “Até certo ponto, o BC precisa assumir o problema da inflação e reconhecer que apenas manter a política monetária no piloto automático pode não ser o suficiente para trazer o índice em direção ao centro da meta”, afirmou Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, em relatório divulgado ao mercado.

Os bancos Bradesco e Itaú Unibanco divulgaram relatórios com apostas um pouco menos favoráveis no que se refere ao controle inflacionário no curto prazo. Os analistas das instituições acreditam que a tendência é que o BC ignore o repique inflacionário e corte ainda mais os juros ao longo do semestre. “A atividade econômica continua fraca, o que, na nossa avaliação, levará o Copom a reduzir a Selic novamente nos próximos seis meses”, informou o Itaú Unibanco.

“Novo centro informal” – As apostas para os próximos meses, contudo, são divergentes. Na pesquisa semanal feita pelo Banco Central, o Boletim Focus, a estimativa do mercado para a Selic é de que ela permaneça inalterada ao longo de todo o ano, com previsão de alta (para 8,25%) apenas em 2014. O mais preocupante, contudo, é que esse cenário para os juros ocorre em meio a um ambiente de alta inflacionária. O mercado crê – tendo o Focus como base – que o IPCA pouco cederá em 2013, ficando em 5,5% e que o BC fechará os olhos para isso, já que a expectativa da maioria é de que manterá os juros intactos. Em 2014, a previsão de inflação é a mesma, ainda que com ligeira alta da Selic.

Com isso, cristaliza-se a mensagem de que os dois pontos porcentuais tolerados acima do centro da meta de inflação, que é de 4,5%, tiveram seu sentido modificado. Se antes serviam como espaço limite para alguma situação de emergência, como o choque de preços no mercado internacional, atualmente são levados com tranquilidade como “novo centro informal” do regime de metas de inflação – algo parecido ao que o BC tem feito com a taxa de câmbio a 2,10 reais, considerada a “nova banda informal” do dólar. Porém, no caso da inflação, tal arbitrariedade pode ser perigosa.

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